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Na Grécia Antiga deu-se especial atenção à chamada especulação filosófica, dedicada sobretudo à elaboração conceitual. Entendia-se também que esse tipo de saber devia apoiar-se na dialética, método de efetivar a discussão. Na circunstância, exemplos práticos eram de pouca valia. Contudo, Aristóteles, que é o grande sistematizador do conhecimento obtido por aquele meio – tornando-o disciplinas específicas, rigorosamente delimitadas umas das outras (Metafísica, Física, Lógica, etc.) –, também promoveu o registro de observações relativas aos corpos (astros, animais) e ao próprio homem (tipos de temperamento; papel da memória, do sono, etc.). Contudo, o desenvolvimento científico propriamente dito seria posterior, efetivado no Museu de Alexandria, notadamente na época de seu florescimento (fins do século IV ao século III antes de Cristo). Embora não se saiba se Arquimedes (c. 287 a 212 a.C.) teria trabalhado diretamente no Museu, atuou segundo o seu espírito, ao criar uma área nova de investigação, a mecânica, que, entretanto, somente assumiria feição acabada na Época Moderna, com a emergência da nova física. Era natural de Siracusa, na Sicília, parte que então se chamava de Magna Grécia, tendo sido morto por um soldado romano naquela mesma cidade.(1)

As descobertas mecânicas de Arquimedes foram registradas por diversos eruditos – entre estes, Cícero – e, em parte, constam daquela parte de sua obra, em forma de ensaios, que foi preservada. Assim, descobriu um método eficaz para retirar água de um poço. Com um tubo em forma de hélice e colocando uma das extremidades na água, rodando-o, a água sobe. Deu início à hidrostática, parte da mecânica que estuda o equilíbrio dos líquidos e o uso desse expediente para verificar o que se denominou de peso hidrostático, ao determinar que os metais, quando mergulhados na água, deslocam quantidades de líquido proporcionais ao seu peso. Fixou também o princípio da alavanca, ao deixar indicado que um determinado ponto de apoio pode mover objetos mais pesados. Teria construído ainda um globo terrestre reproduzindo o céu (espécie de planetário) e, por ocasião da invasão dos romanos, usou enormes espelhos refletores para provocar o incêndio de navios de sua frota. Em conseqüência dessa invasão é que perdeu a vida. Deixou também significativa obra matemática.

O estudo integral de sua obra exige considerável conhecimento matemático. Em contrapartida, os Ensaios constantes do Great Books, da Britânica, são acessíveis e pretendem sobretudo ilustrar a engenhosidade do seu raciocínio e também apresentar a parte da geometria a que deu acabamento definitivo. Entre estes destacam-se: “Sobre a esfera e o cilindro”; “Medida do círculo”; “Sobre o equilíbrio e o centro de gravidade dos planos”; “O contador de areia” e “O método para tratar problemas mecânicos”.


(1) Entre 280 a 272 a.C., os romanos conquistaram a Sicília e Épiro (na parte ocidental do Adriático, ao Norte da Grécia, aproximadamente onde hoje se situa a Albânia). A conquista da Grécia é muito posterior (140 a.C.).