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Dicionário das Obras
Básicas da
Cultura Ocidental
Antonio Paim
Índice: a - b - c - d - e - f - g - h - i - j - k - l - m - n - o - p - q - r - s - t - u - v - x - w - z
Ensaios, de Arquimedes
Na Grécia Antiga deu-se
especial atenção à chamada
especulação filosófica,
dedicada sobretudo à elaboração
conceitual. Entendia-se também
que esse tipo de saber devia
apoiar-se na dialética,
método de efetivar a discussão.
Na circunstância, exemplos
práticos eram de pouca
valia. Contudo, Aristóteles,
que é o grande sistematizador
do conhecimento obtido por aquele
meio – tornando-o disciplinas
específicas, rigorosamente
delimitadas umas das outras (Metafísica,
Física, Lógica,
etc.) –, também
promoveu o registro de observações
relativas aos corpos (astros,
animais) e ao próprio
homem (tipos de temperamento;
papel da memória, do sono,
etc.). Contudo, o desenvolvimento
científico propriamente
dito seria posterior, efetivado
no Museu de Alexandria, notadamente
na época de seu florescimento
(fins do século IV ao
século III antes de Cristo).
Embora não se saiba se
Arquimedes (c. 287 a 212 a.C.)
teria trabalhado diretamente
no Museu, atuou segundo o seu
espírito, ao criar uma área
nova de investigação,
a mecânica, que, entretanto,
somente assumiria feição
acabada na Época Moderna,
com a emergência da nova
física. Era natural de
Siracusa, na Sicília,
parte que então se chamava
de Magna Grécia, tendo
sido morto por um soldado romano
naquela mesma cidade.(1)
As descobertas mecânicas
de Arquimedes foram registradas
por diversos eruditos – entre
estes, Cícero – e,
em parte, constam daquela parte
de sua obra, em forma de ensaios,
que foi preservada. Assim, descobriu
um método eficaz para
retirar água de um poço.
Com um tubo em forma de hélice
e colocando uma das extremidades
na água, rodando-o, a água
sobe. Deu início à hidrostática,
parte da mecânica que estuda
o equilíbrio dos líquidos
e o uso desse expediente para
verificar o que se denominou
de peso hidrostático,
ao determinar que os metais,
quando mergulhados na água,
deslocam quantidades de líquido
proporcionais ao seu peso. Fixou
também o princípio
da alavanca, ao deixar indicado
que um determinado ponto de apoio
pode mover objetos mais pesados.
Teria construído ainda
um globo terrestre reproduzindo
o céu (espécie
de planetário) e, por
ocasião da invasão
dos romanos, usou enormes espelhos
refletores para provocar o incêndio
de navios de sua frota. Em conseqüência
dessa invasão é que
perdeu a vida. Deixou também
significativa obra matemática.
O estudo integral de sua obra
exige considerável conhecimento
matemático. Em contrapartida,
os Ensaios constantes
do Great Books, da Britânica,
são acessíveis
e pretendem sobretudo ilustrar
a engenhosidade do seu raciocínio
e também apresentar a
parte da geometria a que deu
acabamento definitivo. Entre
estes destacam-se: “Sobre
a esfera e o cilindro”; “Medida
do círculo”; “Sobre
o equilíbrio e o centro
de gravidade dos planos”; “O
contador de areia” e “O
método para tratar problemas
mecânicos”.
(1) Entre
280 a 272 a.C., os romanos
conquistaram a Sicília
e Épiro (na parte
ocidental do Adriático,
ao Norte da Grécia,
aproximadamente onde hoje
se situa a Albânia).
A conquista da Grécia é muito
posterior (140 a.C.).
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