Pertencia à nobreza italiana e, tão logo concluiu as chamadas artes liberais, destinadas a proporcionar cultura geral, ingressou na Ordem dos Dominicanos. Concluiu sua formação com Alberto Magno, que se ocupava de adaptar a filosofia de Aristóteles – de que só recentemente se tomara conhecimento – à doutrina cristã. Tomás de Aquino torna-se discípulo predileto do respeitado mestre, que o indica para lecionar na Universidade de Paris. Na condição de professor, inicia a obra que o tornaria figura central na filosofia católica. Em 1259, aos 34 anos de idade (nasceu em 1225), já era um docente de renome e o Capítulo Geral dos Dominicanos incumbe-o de elaborar o programa de estudos para os que ingressam na Ordem.
Tendo se fixado em Roma, em 1268 inicia a elaboração da Suma Teológica. Esta obra, que assumiu grandes proporções, insere um estilo de exposição onde os assuntos relativos à doutrina cristã são estudados de forma autônoma, sem um fio condutor que os entrelace, a não ser o objetivo maior de adaptar a linha de argumentação aristotélica aos dogmas da Igreja. Nessa circunstância, pareceu a Emile Brehier que “... a filosofia se reduz, efetivamente, à arte de discutir e tirar conseqüências, partindo de premissas colocadas pela autoridade divina. Daí a forma literária dos escritos desse tempo, derivada do método utilizado por Abelardo (1079/1142) no De sic et nom e, depois, pelos sentencionários do século XII. Argumenta-se, em relação a cada tema, com apoio em autoridades ou razões deduzidas da autoridade e, de depois de ter indicado os prós e os contras, dá-se a solução. Ignora-se ou evita-se toda exposição de conjunto, toda visão sintética que, unindo sistematicamente as diversas afirmações do teólogo, daria à doutrina cristã um aspecto racional demais. Há indubitavelmente certa ordem inerente à exposição das verdades da doutrina cristã: Deus, criação, queda, redenção e a salvação, constituem a ordem tradicional que tem sido seguida desde Pedro Lombardo e está pressuposta na Suma de São Tomás de Aquino; mas deve-se assinalar que é uma ordem de verdades reveladas na qual uma não depende logicamente da anterior: criação, queda, redenção são atos livres que é possível conhecer por seus efeitos, mas não deduzir de princípios necessários. É preciso, portanto, estudar separadamente cada um dos artigos da fé e as afirmações que implicam: a razão serve para descer até as conseqüências, mas não para ascender até os princípios nem para sistematizar.”
São Tomas elaborou diversas outras obras e ensinou em outras Universidades além da de Paris. Faleceu em 1274, quando se dirigia ao Concílio convocada para aquela data, a realizar-se em Lion (França). Tinha então 49 anos. A Igreja consagrou-o como Doctor Angelicus.
As idéias de São Tomás vieram a ser compendiadas, graças ao que alcançaram grande difusão. Em fins do século XIX, através da Encíclica “Aeterni Patris”, de Leão XIII (1879), a Igreja decidiu-se por torná-las filosofia oficial, na esperança de que a iniciativa pudesse restaurar o prestígio da Escolástica, literalmente abandonada na Época Moderna. De fato, o chamado neotomismo viria a ocupar um lugar de destaque na filosofia do século XX.. A partir da década de sessenta, entretanto, tal diretriz seria progressivamente abandonada. (Ver também Tratado do homem. Suma teológica, de Tomás de Aquino)