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Victor Hugo (1802/1885) era filho de militar de alta patente e, contrariando a esperança do pai de que seguiria aquela carreira, desde jovem revelou a sua veia poética. Radicado em Paris (nasceu no interior da França, em Besançon) ligou-se aos primeiros escritores franceses românticos, que haviam constituído o chamado Cenáculo, com o objetivo de teorizar acerca do movimento. Tendo publicado em 1827 um texto que se considerou como uma espécie de  manifesto  (Prefácio ao drama intitulado Cromwell) -- na medida em que ali declara guerra ás doutrinas clássicas, até então admitidas no teatro – passa a ser reconhecido como o chefe da Escola Romântica.

Victor Hugo produziu uma obra imensa, sobretudo poética, que costuma ser dividida em poesia filosófica, onde a idéia dominante é a de que o povo sempre tem razão, porquanto carregaria em seu interior o pensamento de Deus; poesia lírica, onde produz imagens deslumbrantes, sobretudo quando se trata de cantar a beleza do mar ou as virtudes da família; poesia épica, cuja expressão mais representativa seria a Lenda dos séculos, que pretende alcançar uma visão da história do mundo, escolhendo em cada época o fato mais significativo; poesia dramática e também poesia satírica.

Na França – e em geral nos países de língua francesa --, continua sendo apreciado como poeta. No resto do mundo, contudo, é festejado como romancista. Os personagens que criou em seus livros, especialmente em Os MiseráveisO corcunda de Notre Dame e Trabalhadores do mar, continuam encantando sucessivas gerações. Têm sido imortalizados pelo cinema.

Sem abandonar a atividade literária, Victor Hugo passou a atuar destacadamente na política, após a Revolução de 1848, tendo sido, na ocasião, eleito para a Câmara dos Deputados. Com o golpe de Estado desfechado por Luís Bonaparte, em 1852, passou a fazer-lhe ferrenha oposição e exilou-se. Permanecerá no exílio até a queda do Império, em 1870, que Luís Bonaparte lograra restaurar. De volta ao país natal irá experimentar a maior consagração já alcançada por um escritor francês. Faleceu aos 83 anos (1885) e seu enterro ensejou manifestações que iriam contar com a delirante participação da Nação inteira. (Ver também Os Miseráveis)