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A questão de saber que influência poderia ter sobre as mensurações relacionadas aos corpos no espaço, o fato de que a Terra achava-se em movimento, veio a ser suscitada desde que se aventou a teoria heliocêntrica. A resposta de Galileu (no Diálogo) consistiu em argumentar que as experiências físicas sobre corpos em movimento, feitas a bordo de um navio, em uma cabine abaixo dos tombadilhos, não indicariam ao observador se o navio estava parado ou navegando a velocidade constante. Newton supunha que, num caso como no outro, isto é, na hipótese do corpo encontrar-se em repouso ou em movimento, o resultado seria idêntico. Ainda que Newton não o admitisse – na medida em que postulava espaço e tempo absolutos – a última afirmativa correspondia a uma simples convenção. Em fins do século XIX a questão seria reaberta, notadamente por Henri Poincaré ao tratar do papel da hipótese na efetivação das observações científicas. Colocara precisamente esta questão: baseando-se as medidas efetivadas na Terra na convenção de que se encontraria em repouso, seriam válidas aquelas leis? As experiências relacionadas à energia do núcleo atômico terminaram por colocar na ordem do dia o tema em causa,. A solução seria encontrada por Albert Einstein.

Albert Einstein (1879/1955) nasceu em Ulm (Alemanha) e, ao publicar seu primeiro trabalho científico, em 1905, encontrava-se na Suíça. Desde então atuou no magistério, a começar de Berna e depois  Zurich, Praga e finalmente Berlim. Com a comprovação da efetividade de sua teoria da relatividade, segundo se referirá, alcançou grande nomeada nos anos vinte. Devido à ascensão do nazismo, abandonou a Alemanha e radicou-se nos Estados Unidos, passando a integrar o Corpo Docente da Universidade de Princenton. Depois da guerra, colaborou na organização do Estado de Israel, especialmente na organização da Universidade de Jerusalém. Os textos que dedicou à teoria da relatividade são de muito difícil compreensão. Contudo, o livro que intitulou A evolução da física (1930) pode ser lido com proveito para o entendimento da chamada nova física, surgida na primeira metade do século XX.

Na física newtoniana, a força de atração entre os corpos depende da distância entre eles. Além disto, o movimento ocorre no espaço euclidiano, linear e plano. Valendo-se das experiências de que participara no estudo do núcleo atômico, Einstein formulou a hipótese de que, em se tratando das distâncias terrestres, são irrelevantes as diferenças que podem ser encontradas na medida dos corpos em movimento. Entretanto, quando se trata de distâncias astronômicas, mais precisamente, das órbitas planetárias, a presença de uma grande massa altera a lei da gravidade (atração entre os corpos). Para adequar essa lei à circunstância é necessário admitir que o espaço é curvo (como o imaginou o matemático Reimann nos meados do século XIX) e também que a atração é afetada pela presença desse ou daquele corpo celeste.

Einstein insistiu em que as suas hipóteses deveriam ser testadas empiricamente e até sugeriu o modo de fazê-lo, contando com o apoio da Royal Society. Indicou que um raio de luz, no seu deslocamento na atmosfera, efetivará esse deslocamento não de forma retilínea mas registrando uma curva de 1.745 segundo de arco. Essa formula era duas vezes superior á distância gravitacional estabelecida pela teoria clássica newtoniana. Fotografando-se o eclipse solar poder-se-ia verificar qual das duas hipóteses estava correta. O próximo eclipse ocorreria a 29 de maio de 1919. A Royal Society obteve apoio do governo inglês para enviar a Sobral, no Nordeste do Brasil, e à Ilha de Príncipe, uma expedição científica que seria bem sucedida. As fotos comprovaram que a fórmula de Einstein estava correta, dados que foram reconfirmados no eclipse de setembro de 1922. 

A hipótese de Einstein é que permitiu, no após Segunda Guerra, colocar satélites no espaço e, posteriormente, realizar viagens espaciais. Os satélites facultaram uma verdadeira revolução nas comunicações. A nova teoria serviu também parta confirmar a notável contribuição de Poincaré no tocante ao papel das grandes teorias que vigoraram durante largos períodos, propiciando resultados alentadores, como no caso da física newtoniana. Sem serem refutadas, poderão ser sucessivamente complementadas e enriquecidas.