Defoe nasceu em Londres em 1860. Desde a década de oitenta, com pouco mais de 20 anos, tomou-se um ativista dissenter. Eram chamados dedissenters os protestantes não-anglicanos que se opunham à existência da igreja oficial. Ainda que calvinista por seu substrato doutrinário, a Igreja Anglicana preservava muitos traços provenientes de sua origem romana. A guerra civil que ensangüentou o país, praticamente ao longo de todo o século, visava impedir que através da Casa Real pudesse ser restaurada a religião católica mas também dificultar a atuação dos anglicanos.
A Revolução Gloriosa de 1689, através do Bill of Rights pôs fim ao motivo central da disputa. A Revolução depôs Jaime II e empossou no trono à esposa de Guilherme de Orange (1650/1702; reinou com o título de Guilherme III, após a morte da herdeira do trono, que era uma das filhas de Carlos II, falecido em 1685). O rei deposto, que substituiu a este último, era filho de Carlos I, monarca condenado à morte em 1649. Aquele documento básico da Revolução Gloriosa eliminou a possibilidade de que chegasse ao trono um rei católico, "considerando que a experiência tem demonstrado que é incompatível com a segurança e bem estar deste reino protestante ser governado por um príncipe papista ou por um rei ou rainha casados com um papista". Com a morte de Guilherme de Orange, em 1702, assume o trono a segunda filha de Carlos II (Anna) e como não tinha filhos promulgou-se uma lei (o chamado Act of Settlement) estabelecendo que, após a sua morte, o trono seria entregue à Casa de Hanover, e ainda que "doravante, quem subir ao trono, terá que pertencer à Igreja da Inglaterra".
Os dissenters não se conformam com o encaminhamento da questão e tentam fazer renascer o antianglicanismo. Defoe torna-se um dos líderes do movimento e publica Shortest Way with Dissenters (1702). Disposto a impedir por todos os meios que se restaure clima propício ao reinício da guerra civil, o governo processa-o e consegue mandá-lo para a prisão. Em liberdade, Defoe organiza o que se considera tenha sido o primeiro jornal inglês: The Review. Nos anos subseqüentes alterna períodos de entendimento e ruptura com o governo, tendo sido preso mais uma vez em 1713.
Quando Defoe publica a obra que lhe deu celebridade, Robinson Crusoe, em 1719, estava prestes a completar 60 anos. Como o conjunto de sua obra literária, o livro tem flagrantemente uma intenção moral. Vê-se que reorientou o sentido de sua militância. Igualmente bem sucedido seria outro texto de cunho moralista (Moll Flanders, 1722). Entre seus livros encontra-se uma ficção histórica (Diário do ano da peste). Faleceu em 1731, aos 71 anos de idade (Ver também Robinson Crusoe; Moll Flanders e SWIFT, Jonathan).