TOCQUEVILLE, Alexis
Alexis de Tocqueville nasceu
em 1805, numa família
francesa tradicional, pertencente à nobreza,
tendo seu pai sido perseguido
durante a Revolução
Francesa e vindo a ocupar posição
de relevo na nova situação
denominada de Restauração,
subseqüente à queda
de Napoleão e que durou
até a Revolução
liberal de julho de 1830. Concluiu
a Faculdade de Direito de Paris
em 1825, aos 20 anos de idade.
Durante os anos de 1826 e parte
de 1827 fez uma viagem de estudos à Itália.
Ingressou na Magistratura como
Juiz-Auditor em Versalhes, onde
seu pai era prefeito.
Juntamente com seu colega de
Magistratura Gustave de Beaumont,
foi incumbido de estudar o sistema
penitenciário dos Estados
Unidos. Os dois jovens magistrados
deram conta da tarefa num relatório
publicado em 1833 com a denominação
de Du système penitentiaire
aux Ètats-Unis et son
application en France, texto
que veio a merecer um prêmio
da Academia Francesa. De todos
os modos, o sucesso da viagem
não se prenderia a tal
documento mas ao fato de que
convertera Tocqueville à aceitação
da democracia. Tenha-se presente
que essa idéia achava-se
inteiramente desmoralizada em
decorrência dos acontecimentos
provenientes da Revolução
Francesa, passando a constituir-se
em sinônimo de anarquia
e insegurança.
De volta à França,
Tocqueville abandona a carreira
de juiz e dedica-se, de imediato,
a reunir suas impressões
sobre o funcionamento da sociedade
americana. Sua viagem aos Estados
Unidos estendeu-se de 11 de maio
de 1831 a 20 de fevereiro de
1832. Embora tenha formado seu
espírito no liberalismo
doutrinário, a experiência
de seu próprio país
sugeria tratar-se de um ideal
de difícil consecução.
De sorte que a experiência
americana iria marcá-lo
profundamente, como escreve a
estudiosa de sua vida e pensamento
Françoise Mélonio,
após assinalar que, de
início, não manifesta
maior entusiasmo: “A conversão
se completa em Boston (7 de setembro-3
de outubro), onde Tocqueville,
ao descobrir o que é a
igualdade bem regrada, adere
a uma democracia que, de resto,
triunfa irresistivelmente. É então,
somente agora n fim de setembro,
que ele decide escrever um livro
sobre as instituições
americanas para testemunhar,
entre os franceses, que a democracia
feliz existe, pois a encontrou”.
A democracia na América apareceu em 1835. O livro estava subdividido
em duas partes e continha uma descrição do funcionamento daquele
sistema no qual francamente não acreditava a elite européia de
seu tempo. Talvez devido a essa circunstância veio a causar um grande
impacto e atribuir ao autor enorme notoriedade. É dessa época
seu relacionamento com John Stuart Mill e sua colaboração na
imprensa liberal inglesa, o que, adicionalmente, iria aumentar a sua fama.
Considerando que a sua descrição
da sociedade norte-americana
precisaria ser completada por
uma avaliação crítica,
publica em 1840 o Livro II de A
democracia na América.
Em decorrência da merecida
notoriedade, Tocqueville torna-se,
em 1838, membro da Academia de
Ciências Morais e Políticas
e, em 1841, da Academia Francesa.
Elege-se deputado em 1839 e pertence à Câmara
dos Representantes até 1851.
com a Revolução
de 1848, que instaura a república,
torna-se membro da Assembléia
Constituinte (1848) e Ministro
dos Negócios Estrangeiros
(1849), retornando em seguida à Câmara.
Tendo em vista, entretanto, os
rumos seguidos pelo movimento
revolucionário (golpe
de Estado de dezembro de 1851,
que restaura a monarquia e inaugura
um novo ciclo de grande instabilidade
política no país),
depois de preso e privado do
mandato parlamentar, afasta-se
definitivamente da vida política
a partir de 1852.
Entre 1852 e 1856 realiza uma
pesquisa autenticamente monumental
com o propósito de desvendar
o que seria o verdadeiro sentido
da Revolução Francesa
de 1789. Inovando grandemente
na interpretação
daquele movimento publica, naquele último
ano, O Antigo Regime e a
Revolução,
que ficaria como a obra da maturidade.
Tocqueville faleceu em 1859,
aos 54 anos de idade. (Ver também Antigo
Regime e Democracia
na América).