QUEIRÓS, Eça
Eça de Queirós
(José Maria) nasceu no
interior de Portugal (Povoa de
Varzim) em 1845. Cursou humanidades
em renomado colégio do
Porto e matriculou-se na Faculdade
de Direito de Coimbra. Formou-se
em direito, muito jovem, aos
21 anos de idade, radicando-se
em Lisboa e dedicando-se ao jornalismo.
Eça de Queirós
pertenceu à chamada geração
de setenta e participou de seu
projeto de transformar Portugal
por meio de uma espécie
de revolução cultural.
Portugal, que ocupara o primeiro
posto nos descobrimentos e erigira
um vasto império, entrou
em decadência, perdeu sucessivamente
posições na Europa
e parecia não dispor da
menor capacidade de resistência.
Aquele grupo entendeu que o atraso
relativo experimentado pelo país
advinha do isolamento cultural
imposto pela Contra Reforma,
que o levou a dar as costas aos
progressos científicos
e à Revolução
Industrial. Em face desse diagnóstico,
passou a acreditar que poderia
eliminar o torpor em que se vivia
graças à substituição
da literatura romântica
pelo realismo; da filosofia espiritualista
pelo positivismo e da política
conservadora pela socialista.
Apesar da grande renovação
literária que esse movimento
iria proporcionar, a tradição
não se deixou vencer e
Portugal continuou mais ou menos
o mesmo. Nos anos oitenta, a
geração de setenta
reconhece-se como os Vencidos
da Vida. Esse clima
cultural – e a experiência
da geração a que
pertencia – reflete-se
amplamente na obra literária
de Eça de Queirós.
No que se poderia chamar de primeira
fase, produz obras de fundo anti-clerical,
a exemplo do romance O crime
do Padre Amaro, aparecido
em 1875, e do primor de
obra satírica a que intitulou
de A Relíquia.
Nesta, através do personagem
principal (o libertino Teodorico),
que se finge de beato na esperança
de merecer a herança de
uma tia carola, Eça de
Queirós ridiculariza a
ostentação de devotamento
cristão, desprovida de
vivência interior. Aos
27 anos, tornou-se diplomata
e viveu o resto de sua vida no
exterior -- sendo que em Paris,
desde 1888 -- aproximando-se
grandemente da literatura francesa
e, admitem os estudiosos de sua
obra, talvez tenha pretendido,
como Balzac na Comédia
Humana, traçar um
painel da sociedade portuguesa
de seu tempo. Mas não
conseguiu fazê-lo, deixando-nos
como exemplo dessa fase, de certa
forma isolado, Os Maias (1888).
Os últimos livros – A
ilustre casa de Ramires e A
cidade e as serras – corresponderiam
a uma espécie de reconciliação
com o Portugal tradicional e
também mensagem de esperança
quanto à capacidade, dessa
própria tradição,
de reencontrar a grandeza perdida.
Faleceu em1900, em Paris, aos
55 anos de idade (Ver também A
ilustre casa de Ramires e A
cidade e as serras).
Voltar