(Os)
Miseráveis,
de Victor Hugo
Os
Miseráveis foi
escrito no período em
que Victor Hugo exilou-se da
França, por encontrar-se
em oposição ao
governo de Luís Bonaparte.
Para elaborá-lo mobilizou
grande número de documentos
nos quais se baseou para criar
determinados personagens.
O
eixo central do romance é a
história de Jean Valjean,
condenado às
galés, que foge e consegue
tornar-se empresário devotado à prática
do bem. Move-lhe uma perseguição
implacável o protótipo
do policial enquadrado e desatento às
circunstâncias morais envolvidas
na situação persecutória:
Javert. Os dois tipos tornaram-se
figuras marcantes da literatura
ocidental, na esteira do que
produziu Shakespeare e outros
grandes mestres que o precederam.
Mas
há na obra numerosos tipos
acabados de personalidades. O
bispo Myriel é o
protótipo do prelado íntegro,
dedicado inteiramente à missão
que se atribui. Fautine, a mãe
abandonada, cuja filha (Cosette)
Jean Valjean adotará, é o
exemplo de pureza em contraste
com a vileza da pessoa a quem
pagará para cuidar da
filha. Victor Hugo valeu-se da
experiência vivida com
a Revolução de
1848 para introduzi-la no livro
e povoá-la de
tantos outros personagens.
Desejoso
de inserir o seu relato no âmago
da vida francesa do século,
Victor Hugo acabou por dar a Os
Miseráveis dimensões
desmedidas (mais de 700 páginas). É sintomático
que haja ocupado toda a Parte Segunda
com a descrição da
batalha de Waterloo – que
selaria a sorte de Napoleão,
a quem chama de “grande carniceiro
da Europa” --, texto que
costuma ser editado autonomamente.
Ainda assim, mesmo por quem de
antemão conheça o
desenrolar da ação
e seu desfecho, Os Miseráveis está dotado
de imenso sabor literário.
(Ver também HUGO,
Victor)
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