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Dicionário das Obras
Básicas da
Cultura Ocidental
Antonio Paim
Índice: a - b - c - d - e - f - g - h - i - j - k - l - m - n - o - p - q - r - s - t - u - v - x - w - z
MILL, John Stuart
John Stuart Mill, nasceu em
Londres, em 1806. Filho de James
Mill (1773-1836), espécie
de herdeiro da proposta filosófica
e da proposta política
de Jeremy Bentham (1773-1832)
foi preparado para dar continuidade
a essa obra. Costuma-se arrolar
a produção desses
autores sob a denominação
de utilitarismo, de
grande popularidade e permanência
no mundo anglo-saxão.
A doutrina em causa afirma a
possibilidade de estruturar-se
o estudo da política em
bases estritamente científicas.
No plano da ação
política batia-se pelo
que veio a ser denominado de “democratização
da idéia liberal”,
movimento então conhecido
como radical, designação
que seria adotada por muitos
dos partidos criados na época.
Bentham havia criado o periódico Westminister Review,
dirigido por James Mill. Depois
de sua morte, essa publicação
seria incorporada ao jornal London Review,
fundado por Stuart Mill em 1835,
a fim de propagar o novo entendimento
(democrático) que atribuíam à doutrina
do governo representativo. Em
sua vida política, além
de ter-se tornado conhecido como
precursor da reforma do regime
representativo, Stuart Mill elegeu-se
para a Câmara dos Comuns.
De todos os modos, a nomeada
de Stuart Mill provém
sobretudo de sua obra filosófica.
Em seu tempo, acreditava-se ser
possível constituir, o
que depois se chamou de ciências
sociais, com o máximo
de rigor científico, ainda
mais, prescindindo de quaisquer
pressupostos filosóficos.
O nome desse movimento (positivismo) seria
dado pelo reformador social francês
Augusto Comte (1798-1857). Contudo,
sua difusão em outros
países da Europa seria
devida a Stuart Mill que proporcionou-lhe
novo direcionamento. A doutrina
de Comte pretendia instaurar
o chamado estado positivo, que
seria a última etapa de
evolução da humanidade.
Os instrumentos para a sua instauração
seriam a ditadura republicana
e a religião da humanidade.
No livro Augusto Comte e
positivismo (1865), Stuart
Mill iria radicar essa proposta
na tradição filosófica
inglesa. Primeiro dotou-a de
uma teoria do conhecimento, de
base empirista, inexistente em
Comte. Em seguida, abandonou
a idéia de religião
da humanidade. E, finalmente,
vinculou-a ao sistema representativo
e ao liberalismo benthaniano.
De sorte que o positivismo que
radicou na Europa (com exceção
da França) e em muitos
países da América
Latina (com exceção
do Brasil) seria inspirado em
Mill. Teve prosseguimento na
obra de grande número
de filósofos ingleses
e norte-americanos.
Augusto Comte duvidada da possibilidade
da psicologia constituir-se como
ciência. Stuart Mill rejeitou
essa suposição
e procurou desenvolver o chamado “associacionismo”,
isto é, a consideração
da vida psíquica reduzindo-a
a alguns elementos simples, tomado
como ponto de partida para constituir
a complexidade subseqüente.
Em suas mãos, a psicologia
torna-se a base das ciências
morais, vinculando-se também à lógica,
que igualmente faz depender da
experiência, no desenvolvimento
das regras da indução.
Sua obra Sistema de Lógica (1843),
que contém o essencial
de sua doutrina filosófica,
seria amplamente bem sucedida.
Na altura de sua morte já tinham
aparecido nove edições.
Publicou também uma exposição
sistemática da filosofia
de Bentham (O utilitarismo, 1863),
que continua até hoje
como obra de consulta e referência.
Seu entendimento da doutrina
liberal mereceu diversos textos
(Sobre a liberdade, Pensamentos
sobre a reforma parlamentar, entre
outros). Na matéria, os
estudiosos indicam sobretudo Considerações
sobre o governo representativo (1861).
Tratou ainda de economia política
e deixou-nos uma autobiografia.
Mill apaixonou-se por Harriet
Taylor, esposa de um amigo. Como
era intelectual de renome e o
caso repercutia nos círculos
da elite, a sociedade inglesa
de seu tempo reprovava abertamente
o seu comportamento. O incidente
arrastou-se por mais de vinte
anos. Depois da morte do marido,
para casar-se com a viúva
teve que fazê-lo em Paris.
Muitos autores associam a essa
circunstância o fato de
que se haja tornado precursor
dos direitos da mulher (inclusive
de voto, prerrogativa que somente
seria alcançada com a
reforma de 1918).
Stuart Mill faleceu em 1873,
aos 67 anos de idade. (Ver também BENTHAM e Considerações
sobre o governo representativo,
de MILL, John Stuart).
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