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Dicionário das Obras
Básicas da
Cultura Ocidental
Antonio Paim
Índice: a - b - c - d - e - f - g - h - i - j - k - l - m - n - o - p - q - r - s - t - u - v - x - w - z
Mischné Torá, de
Maimônides
Mischné Torá,
de Moisés Maimônides
(1135-1204), foi concluído
pelo autor em 1180, tarefa que
lhe exigiu muitos anos. Para
compreender devidamente o alcance
e o significado dessa obra verdadeiramente
monumental, cumpre ter presente
que os judeus não tomam
o Velho Testamento como um bloco único,
devendo-se essa praxe aos cristãos,
graças ao que se denominou
de Novo Testamento. Na tradição
judaica, os cinco livros do Pentateuco
formam um corpo autônomo,
designado como Torá (a
Lei), na qual a figura central é Moisés.
Estuda-se os 613 mandamentos
ali contido, que Maimônides
subdividiu em 248 preceitos positivos
e 365 preceitos negativos, isto é,
proibições. Segundo
aquela tradição,
a Torá foi ditada
por Deus a Moisés em torno
de ano 1200 antes de Cristo,
logo depois do êxodo do
Egito. Os demais livros do que
chamamos de Velho Testamento
estão agrupados deste
modo; os 21 iniciais constituem
o Nevim, considerado
como o relato histórico
do povo de Israel desde a morte
de Moisés à destruição
do Primeiro Templo e o chamado
exílio da Babilônia
(586 antes de Cristo). Os textos
subseqüentes constituem
o Katuvim, reunindo
relatos históricos e de
outra índole (o livro
de Job, por exemplo).
Em torno da Torá criou-se
uma grande tradição
de comentários orais,
somente compilados em nossa era,
por volta do ano 200. Na opinião
do rabino Joseph Telushkin, autor
de vasta caracterização
das principais tradições
judaicas, (Jewish Literacy.
The most important things to
know about Jewish religion. New
York, Willkiam Morrow, 1991),
compilação tão
tardia deve-se ao fato de que
os rabinos supunham que o texto
oral obrigava os alunos “a
manter relações
estreitas com seus mestres, entendendo
que os mestres, e não
os livros, conservam melhor a
tradição judaica”.
Essa primeira compilação é conhecida
como Talmud da Babilônia,
que, por sua vez, suscitou novas
discussões a ela agregadas,
por volta do ano 400, no Talmud Palestino.
Esses ensinamentos são
conhecidos como Mishná.
A Mishná Torá,
de Moisés Maimônides,
compreende 14 livros, sendo que
costuma ser divulgado, separadamente,
o primeiro (O livro da sabedoria,(1) justamente
onde contém a sistematização
da Torá, isto é,
dos ensinamentos de Moisés).
Na Introdução,
Maimônides reconstitui
o processo de transmissão
oral da lei mosaica até a
compilação. Tal
se deu, segundo entende, devido à diáspora,
sendo necessário que todos
dispusessem de um manual que
os pudesse acompanhar em sua
peregrinação. “Em
nossos dias – continua – intensificam-se
as vicissitudes e as aflições
mais severas e todos sentem a
pressão de tempos difíceis.
O conhecimento de nossos sábios
desapareceu; a compreensão
de nossos homens prudentes esta
destruída”. Parece-lhe
assim ser necessário restaurar “a
prática correta com relação
ao que é proibido ou
permitido e as outras regras
da Torá”. “Sob
estas premissas, eu, Moisés,
filho de Maimon, o Sefardita,
pus-me em movimento, cingido
de coragem e contando com a ajuda
de Deus...”
Segue-se uma ordenação
esquemática dos 613 preceitos
e a apresentação
do conteúdo dos quatorze
livros. Sobre o primeiro livro,
escreve ao autor: “Incluo
nele todos os preceitos que constituem
a essência e os principais
ensinamentos de Moisés,
nosso Mestre, que são
necessários para que se
conheça, desde o início
a unicidade de Deus e a proibição à idolatria.
Chamei este livro de Livro
da Sabedoria.
Resumidamente, os demais livros
tratam, o segundo, das preces
e dos rituais (Livro do amor);
o terceiro do Sabah e
em geral das festividades (Livro
dos períodos); o quarto,
das relações no
casamento e a questão
do divórcio (Livro das
Mulheres); no quinto, as proibições
quanto a relações
sexuais ilícitas e em
relação a alimentos
(Livro da santidade); no sexto,
promessas e juramentos (Livro
da Magnificência); no sétimo,
fainas agrícolas (Livro
das sementes); no oitavo, a construção
de santuários e sacrifícios
públicos regulares (Livro
do Serviço); no nono,
sacrifícios trazidos pelos
indivíduos (Livro dos
sacrifícios); décimo,
coisas ritualmente puras e impuras
(Livro da pureza); décimo
primeiro, relações
civis que possam causar danos à propriedade
ou injúria à pessoa
(Livro dos prejuízos);
décimo segundo, vendas
e aquisições (Livro
da aquisição);
décimo terceiro, relações
civis relativas a empréstimos
e débitos, que não
causem inicialmente danos a outrem
(Livro dos julgamentos); e, finalmente,
décimo quarto, a aplicação
da justiça (Livro dos
juízes). (Ver também A
Bíblia e MAIMÔNIDES).
(1) Em
português dispõe-se
apenas deste texto, tendo
a edição brasileira,
da Imago, somente aparecido
em 2000. Precedentemente
haviam sido publicados apenas
os mandamentos ( Os 613
mandamentos, São
Paulo, Nova Estela, 1990).
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