LUCRÉCIO
Personalidade destacada na Roma
Antiga, tendo vivido entre
92 e 55 antes da Era Cristã,
Lucrécio é considerado
como um pensador importante
na história da filosofia,
sobretudo por ter ajudado a
preservar os ensinamentos do
filósofo grego Epicuro
(341-270 a.C.). Na interpretação
de Lucrécio, a doutrina
daquele pensador – conhecida
como estoicismo – corresponde
a uma nova sabedoria apta a
substituir as religiões
tradicionais. Para tanto afirma
que os deuses não se
ocupam das coisas deste mundo.
A par disto, juntamente com
Cícero, lançou
as bases da linguagem filosófica
em latim. Preservou-se de sua
autoria De rerum natura (Da
natureza das coisas), ao que
se supõe graças
a Cícero, que providenciou
a multiplicação
do original. No Livro I dessa
obra, afirma: “E também
não ignoro que é bem
difícil explicar em
versos latinos as obscuras
descobertas dos gregos, sobretudo
porque se faz mister empregar
palavras novas, dada a pobreza
da língua e a novidade
do assunto”. (Coleção Os
Pensadores, Abril Cultural,
vol. V, 1ª ed., 1973,
p. 41).
No que respeita à doutrina
política, Lucrécio
afirma que, no começo,
reunidos nas cidades, os homens
escolheram para chefiá-los
os mais fortes e melhores. Mas
estes abusam de seus poderes,
acarretando o surgimento de revoltas.
Instaurada a anarquia, torna-se
necessária a elaboração
de leis e a eleição
de magistrados.
A exemplo de outros autores que
escreveram sobre política – inclusive
Cícero – os romanos
não apresentam qualquer
originalidade. O grande mérito
de seu trabalho consiste em haver
contribuído para preservar
o legado grego. No livro Horizontes
do direito e da história (2ª ed.,
1977), Miguel Reale registra
a circunstância nestes
precisos termos: “Na realidade, é curioso
observar que os romanos, que
souberam fundar a Jurisprudência
e o Império, não
nos legaram teorias sobre
ambos. Uma teoria da política
imperial procurar-se-á em
vão no mundo romano, como
não se configura, de maneira
explícita, a sua teoria
geral do Direito”.
Voltar