KAUTSKY, Karl
Karl Kautsky nasceu a 16 de outubro
de 1854 em Praga, que então
era parte integrante do Império
Austro-húngaro e freqüentou
a Universidade da capital (Viena).
Filiou-se ao Partido Social
Democrata Austríaco
e tornou-se marxista sob a
influência de Edward
Bernstein, embora deste acabasse
por divergir em muitos aspectos
de sua crítica ao marxismo.
De todos os modos, como Bernstein,
considerava que a obra de Marx
não deveria ser transformada
em dogma. Contudo, opunha-se
ao abandono daqueles pontos
em que fosse mais nítido
o caráter revolucionário
do movimento. Assim, ainda
em 1900 considerava que os
sociais democratas não
deveriam aspirar a “uma
participação
no poder executivo dentro da
sociedade burguesa”. Como
a prática política
da social democracia enveredasse
por outro caminho, deixou de
acentuar as suas divergências
com o revisionismo. Acabaria
mesmo com este identificado,
graças entre outras
coisas aos brutais ataques
que Lenine lhe dirigiu, inclusive
batizando-o de Renegado
Kautsky, com o que, sem
sombra de dúvida, atribuía
conotação religiosa
ao movimento comunista.
Kautsky tornou-se uma das figuras
mais representativas da Segunda
Internacional Socialista, contribuindo
grandemente, com sua decidida
condenação da Revolução
Russa e ao totalitarismo soviético,
no sentido de que o socialismo
democrático sobrevivesse
no Ocidente. Pertenceu ao governo
no início da República
de Weimar, em 1919, mas a partir
de 1924 abandonou as funções
que tinha na Internacional passando
a dedicar-se à sua obra
teórica. É autor
da extensa bibliografia voltada
para a difusão do marxismo,
considerando-se, que suas contribuições
mais importantes situem-se no
terreno da economia. Editou as
notas manuscritas de Marx que
formariam o quarto volume de
O Capital, com o título
de Teorias da mais valia (1905-1910).
No livro O marxismo e sua
crítica (1900) mostrou
como o capitalismo industrial
não conduzia, como supusera
Marx, à pauperização
absoluta do proletariado.
Faleceu em outubro de 1938, como
refugiado político em
Amsterdã, onde passara
a viver, ainda naquele ano, em
decorrência da invasão
da Áustria pelos nazistas.
Com a obra A questão
agrária (1898) assestou
um golpe fundamental na teoria
marxista ao demonstrar que o
desenvolvimento do capitalismo
no campo não seguiu o
caminho previsto por Marx, isto é,
a produção não
veio a ser dominada por grandes
empresas que dariam origem ao “proletariado
rural”. Ao contrário
disto, pequenas e médias
economias não só demonstraram
enorme vitalidade como alcançaram
altos níveis de produtividade.
Sua análise fundamentou-se
no exame de farto material estatístico
relativo aos principais países
europeus e aos Estados Unidos.
Ainda assim, a exemplo de Bernstein,
sempre se considerou marxista,
o que não deixava de criar
certa perplexidade mesmo no eleitorado
socialista, desde que tal posicionamento
envolvia confissão pública
de que estava de posse da mesma
base doutrinária dos comunistas,
que nunca o pouparam da crítica
mais acerba. Essa situação
ambígua somente seria
superada, no Partido Social Democrata
Alemão, com o Congresso
de Bad Godsberg, de 1959, em
que formaliza o rompimento com
o marxismo. (Ver também BERNSTEIN,
Edward).
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