HOBBES, Thomas
Thomas Hobbes (1588-1679) é uma
figura central na elaboração
teórica que – admitem
os estudiosos – ajudou
e muito contribuiu para a estruturação
do Estado Moderno em bases autoritárias.
Sua época era justamente
o tempo das disputas em prol
da autonomia do Parlamento. Engajou-se
francamente do lado da monarquia
absoluta, caiu em desgraça
no período em que seus
líderes seriam derrotados
mas viveria o bastante para presenciar
a volta de seus aliados ao poder,
mas não o suficiente para
assistir à vitória
liberal com a Revolução
Gloriosa de 1688.
Hobbes adquiriu grande familiaridade
com os autores clássicos
e, ao mesmo tempo, tendo sido
secretário de Francis
Bacon (1561-1626), um dos fundadores
da filosofia moderna, identificou-se
com a crítica à tradição
aristotélico-tomista.
Freqüentou os círculos
científicos da época,
tomando conhecimento da hipótese
do racionalismo dedutivo, de
Descartes (1596-1650), criticando-a
visitou Galileu (1564-1642) na
Itália. Desde cedo manifestou
preferência pela monarquia
absoluta, tendo oportunidade
de proclamar que “um rei é mais
capaz que uma república”.
Como se achava vinculado aos
grupos absolutistas, exilou-se
em Paris quando da execução
de Carlos I, em 1649, de que
resulta a extinção
da monarquia. Mais tarde viria
a ser preceptor do futuro Carlos
II, cuja ascensão ao poder
marca a restauração
da monarquia (1660). Tendo falecido
em 1679, Hobbes presenciaria
grande parte do reinado de seu
discípulo, que durou até 1685.
Além da tradução
de obras clássicas, como
a Guerra do Peloponeso, de
Tucídides, Hobbes publicou
alguns tratados políticos,
os mais importantes dos quais
são Sobre o cidadão (1642); A
Natureza Humana (1650) e Leviatã ou
matéria, forma e poder
de um Estado eclesiástico
e civil (1651). Neste último
livro, parte de uma sistematização
dos postulados da filosofia empírica,
que então se iniciava,
buscando aplicar à sociedade
os princípios da observação
e da experiência.
O mérito de Hobbes consiste
em haver dado uma solução
racional à constituição
do absolutismo, a seus olhos
plenamente integrada na ciência
nova, em cuja elaboração
também se considerava
engajado e de que resultaria
a superação da
Escolástica e a emergência
da filosofia e da ciência
modernas. A chave de sua explicação
residiria no conceito de estado
de natureza, que teria precedido
a sociedade, caracterizado por
uma guerra de todos contra todos.
Trata-se de um estado miserável
onde não há nem
pode haver justiça ou
propriedade. Para sair de semelhante
situação degradada – espécie
de situação-limite,
por isto mesmo, absoluta – requer-se
uma alternativa igualmente radical.
Os homens vêm-se instados à renúncia
absoluta perante essa construção
artificial que é o Estado,
a que denomina de Leviatã (monstro
colossal de que se fala no Livro
de Job, na Bíblia).
(Ver também LOCKE).
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