História
da guerra do Peloponeso,
de Tucídides
A guerra do Peloponeso travou-se
entre a Liga Ateniense e a Liga
do Peloponeso, cabendo a liderança
da primeira a Atenas e, a da
segunda, a Esparta. A Grécia
nunca chegou a constituir-se
como uma nação,
segundo o entendimento ocidental
desde a Época Moderna.
Estruturava-se na forma de cidades-Estado.
A praxe da aliança entre
as cidades dá-se em função
da necessidade de enfrentar as
invasões persas. Estas
tiveram início em 490
e prolongaram-se durante 41 anos.
Em 449, os persas renunciam à dominação
sobre o mar Egeu e restituem
a independência às
colônias gregas da Ásia
Menor. Parte da liderança
ateniense entendia que era essencial
manter a aliança cimentada
na luta contra os persas. Atenas
firmara-se como uma potência
marítima, voltada sobretudo
para o comércio. Seus
interesses eram sobretudo externos
e não entravam em conflito
com Esparta, que era reconhecida
como potência terrestre,
baseada na agricultura. Tais
características refletiam-se
na feição assumida
por sua organização
militar. Atenas destacava-se
nos combates marítimos
enquanto Esparta o fazia na guerra
terrestre.
Com a derrota dos persas e a
ausência de um fator externo
motivador da cooperação,
o equilíbrio entre os
dois blocos tornou-se precário.
A nova liderança emergente
em Atenas, na qual destacava-se
Péricles (495/429) – que
passa a governar a partir de
461 – progressivamente
constitui novas alianças,
conhecida como Confederação
de Delfos, que incluía
inimigos de Esparta. As duas
potências confrontam-se
entre 457 e 451, quando se patenteia
a superioridade de Atenas nos
combates marítimos e a
de Esparta nos terrestres. Na
impossibilidade de dirimir o
conflito pela força, firma-se
um acordo que seria para manter
o que se denominou de Trégua
de Cinco Anos, rompida com novos
incidentes, dos quais se origina
um Tratado de Paz, negociado
e firmado em 446/445, com vigência
fixada em 30 anos. A trégua
era precária e instável.
A guerra do Peloponeso eclode
em 431 e ocorre com intensidade
durante os dez primeiros anos,
sem proporcionar qualquer desfecho.
Em 421, firma-se a chamada Paz
de Nícias, logo violada,
reiniciando-se os conflitos em
418, que se prolongam nos anos
imediatos sem alterar o quadro
de equilíbrio instável.
Em 413, os atenienses abrem uma
nova frente invadindo a Sicília.
Essa expedição
redunda em fracasso (411). Ainda
assim, Atenas obtém uma
expressiva vitória contra
Esparta em 410, que se decide
por pedir a paz, pedido recusado
por Atenas. Embora no confronto
subseqüente obtenha algumas
vitórias, em 406 a frota
ateniense é dizimada.
Em 404 é negociada a rendição
de Atenas. Começa o ciclo
de predomínio de Esparta.
O livro de Tucídides contém
um relato circunstanciado do
conflito até a derrota
na Sicília em 411. Subdivide-se
em oito livros, com variado número
de capítulos. No Livro
I, o autor busca estabelecer
os antecedentes que considera
mais relevantes, as causas imediatas
da guerra e ainda a declaração
de guerra enunciada por Péricles.
O livro II está dedicado
aos dez anos iniciais da guerra.
Os subseqüentes tratam dos
períodos de trégua
e da retomada das ações
militares. O último livro
(VIII) ocupa-se da expedição à Sicília
e dos eventos que de imediato
lhe seguiram.
Na opinião de Hélio
Jaguaribe, renomado cientista político
que se tem dedicado à história,
Tucídides pode ser considerado
como o primeiro historiador moderno,
por achar-se empenhado na obtenção
de um relato objetivo dos fatos,
buscando ainda interpretar as motivações
e também explicar as circunstâncias
que condicionam os eventos que
narra. Além disto, considera
que pode ser classificado como
o primeiro analista crítico
das relações internacionais.
(Ver também TUCÍDIDES).
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