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Dicionário das Obras
Básicas da
Cultura Ocidental
Antonio Paim
Índice: a - b - c - d - e - f - g - h - i - j - k - l - m - n - o - p - q - r - s - t - u - v - x - w - z
GOETHE
Na análise da obra de
Goethe aparecem nitidamente duas
tendências. A primeira,
levando em conta que se ocupou
praticamente de toda espécie
de manifestação
cultural, consiste em louvar-lhe
a genialidade. Entre outras coisas,
foi chamado de “homem universal”.
Poeta lírico, projetista,
dramaturgo, novelista, tradutor,
diretor teatral, ministro de
Estado, administrador, geólogo,
meteorologista, botânico,
filósofo, crítico,
místico e grande amante – essa
personalidade multifacetada mereceria
ter o seu gênio amplamente
reconhecido. Outros tomam isoladamente
qualquer das manifestações
assinaladas e destacam a ausência
de méritos intrínsecos.
Ronald Gray – talvez
o mais importante estudioso inglês
de sua obra – sugere que
avaliação equilibrada
poderá resultar destes
reconhecimentos: 1°) Viveu
83 anos, de forma intensa. Aos
21 compunha poemas e peças
de teatro e integra um grupo
intelectual influente, liderado
por Herder .
Em 1809, aos 60 anos, conhecido
como autor de Werther,
editado há cerca de três
décadas, publica Fausto,
seguido da Teoria das cores (1810).
Aos 65 (1814), casado com Christine
Vulpius, desde 1806 (falecida
dois anos depois) envolve-se
em outro affaire amoroso (Marianne
von Willemar). Perto dos oitenta é capaz
de novos interesses; 2°)
Suas incursões nas diversas
manifestações culturais,
na maioria dos casos, são
tópicas e isoladas. Não
há um elo comum que as
possa justificar, salvo a renovada
preocupação em
manter-se ao corrente das conquistas
científicas, mas tomando-as
em suas expressões específicas.
Mesmo na poesia, que o acompanharia
sempre, não guarda fidelidade
a estilos; e, 3°) Circunstâncias
históricas vitais muito
influenciaram sua carreira: os
amores; as funções
administrativas (Weimar); o impacto
provocado pela Revolução
Francesa, seguido da admiração
por Napoleão; e até a
dependência de amizades
e amores.
Johann Wolfgang Goethe nasceu
em Franfurt, Alemanha, em 1749.
Matriculou-se na Universidade
de Leipzig em 1765, com apenas
16 anos. Por motivo de saúde,
interrompe o curso três
anos depois. Recuperado, transfere-se
para a Universidade de Estrasburgo,
em 1770, onde licenciou-se em
direito no ano seguinte. Em 1722
apaixona-se por Charlotte Buff,
paixão essas que iria
marcá-lo profundamente
e explica o fato de que, tendo
iniciado a escrever Fausto:uma
tragédia, interrompe
esse texto e conclui, em 1774, Os
sofrimentos do jovem Werther.
Charlotte Buff era casada e não
correspondeu.
O próprio Goethe registra
deste modo o estado de espírito
em que se encontrava quando escreveu
o último livro: “Essa
foi uma criação
que eu alimentei com o sangue
do meu coração.
...Contém tanto do íntimo âmago
do meu ser que eu facilmente
poderia estendê-lo num
romance de dez volumes. Além
disto, li o livro uma única
vez desde sua publicação
e tive grande cuidado em não
tornar a lê-lo. É um
amontoado de lances melodramáticos.
Sinto-me desconfortável
quando o vejo; e temo voltar
a experimentar o estado mental
em que me encontrava quando o
escrevi.” Essas e outras
inconfidências constam
do texto editado por seu secretário
particular.
A convite do príncipe
governante ,
duque Carlos Augusto, Goethe
assumiu funções
administrativas em Weimar, o
que lhe permitiu dar sentido
prático ao seu entendimento
da cultura. Costuma-se destacar
que contribuiu de modo decisivo
para a revalorização
da arquitetura gótica
alemã. A esse propósito,
deixou-nos esse depoimento, na
autobiografia, publicada 1809: “Tudo
o que pensei e imaginei com respeito
ao estilo da arquitetura, escrevi
em forma correta. O primeiro
ponto sobre que insisti é que
deveria ser chamada alemã e
não gótica; que
deveria ser considerada nacional,
não estrangeira.”
Atuou também no sentido
de difundir o teatro clássico
não só escrevendo
tragédias, com motivos
gregos, como procurando aprimorar
de um modo geral a apresentação
dos espetáculos. Nas conversações
com Eckermann confessa: “Realmente
me interessei pelo teatro somente
na medida em que pude ter influência
prática sobre ele. Dava-me
prazer elevar esta instituição
a um alto grau de perfeição;
e, quando ia á representação,
meu interesse não se centrava
tanto nas peças como em
observar se o desempenho dos
atores era como seria desejável.
Os erros que eu desejava assinalar,
mandava-os por escrito para o
diretor, e tenho certeza de que
seriam evitados na próxima
representação”.
Legou-nos uma obra imensa, abrangendo
as diversas manifestações
da literatura (poesia; teatro
e romances) e textos teóricos
sobre segmentos relevantes, como
a pintura, a arquitetura e, de
um modo geral, a cultura alemã.
Praticamente desde 1767, quando
tinha apenas 18 anos, deu a luz
a novas poemas até o
falecimento (1832). Aos
72 anos (1821) conclui e publica
uma novela iniciada quatorze
anos antes (Wilhelm Meisters).
Somente um ano antes de falecer,
terminou a segunda parte do Fausto.
Em seu tempo, chegou a ser uma
das personalidades mais famosas
da Europa, freqüentado por
líderes políticos
e renomados escritores. (Ver
também: Os sofrimentos
do jovem Werther e Fausto).
Professor
em Cambridge e visitante
de universidades alemãs.
Publicou Goethe —A
critical introduction (1967),
estudo específico
sobre Fausto, antologia
da obra do autor e estudo
introdutório à poesia
alemã.
Johann
Gottfried Herder (1744/1803) é considerado
como um dos precursores do
método científico
de estudo da história,
com a obra Idéias
para a filosofia da história humana (em
quatro volumes, aparecida
entre 1874 e 1791) sendo,
em seu tempo, personalidade
de renome.
Johann
Peter Eckermann (1791/1854).
Título da ediçãop
inglesa: Conversations
of Goethe with Eckermann.
Tenha-se
presente que a Alemanha da época
subdividia-se em mais de
duzentos principados autônomos,
que mantinham entre si alianças
geralmente estruturadas a
partir de afinidades religiosas.
Destacando-se desse conjunto,
a Prússia acabou liderando
o (tardio) processo de unificação,
somente consumado em 1870.
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