(Um)
Estudo da história,
de Toynbee
Arnold Toynbee (1889/1975) escreveu
os 12 volumes que compõem Um
estudo da história num
período muito dilatado,
entre 1934 e 1961. Estão
estudadas 23 civilizações.
A civilização helênica
serviu de modelo por considerá-la,
como diz, completa, dispondo-se
inclusive de fontes confiáveis
para reconstituí-la. O
outro modelo é a chinesa.
Entende que "o modelo helênico é tão
aplicável à fase
primitiva na história
das civilizações
como o modelo chinês às
fases posteriores". A utilização
de tais modelos não pode
ser linear. Como explica, "não
somente tive de reconhecer a
existência de outras sociedades
do mesmo tipo, do qual a helênica
e a chinesa eram representantes,
também tive que dar nomes,
provisoriamente, a algumas dessas
outras civilizações
e especificar limites para elas,
tanto no tempo como no espaço."
No entendimento do autor, as
civilizações experimentam
ciclos de crescimento, maturidade
e decadência. A afirmação
e o desenvolvimento de uma civilização
dependem da capacidade de enfrentar
os desafios. Mais precisamente:
a condição para
o surgimento e a sobrevivência
das civilizações
consiste na presença de
condições adversas.
Toynbee era de opinião
que embora essa tese, a seu ver,
tivesse encontrado ampla confirmação
na sua obra, semelhante constatação
não permite prever se
o desafio diante dessa ou daquela
sociedade seria suficiente para
fazer surgir atitudes criativas.
Afirma textualmente: "Pode-se
observar, em retrospecto, que
determinado estímulo – cujo
grau possivelmente poderia ser
medido – produziu um efeito
criativo, ou foi exagerado, ou
fraco demais. Mas não
acredito que se possa aplicar
tal experiência passada
ao futuro e fazer previsões
sobre sua força, mesmo
se puder acumular um grande número
de exemplos; nosso conhecimento
sobre as variáveis nunca
será suficientemente completo".
(Toynbee on Toynbee,
Oxford University Press, 1974;
tradução brasileira,
Ed. UnB, 1981, p. 39).
Contudo, Toynbee afirmou que
a civilização ocidental
marchava para a decadência.
Seu traço distintivo atual
corresponde à riqueza
produzida pela aplicação
sistemática da ciência
e tecnologia. O modelo é autodestrutivo.
Se não sucumbir pela guerra
atômica, o será pela
poluição e esgotamento
de recursos. O cristianismo não
oferece nenhuma possibilidade
de reverter esse quadro, ao deixar
de ser a religião de uma
minoria perseguida para tomar-se
a religião do establishment.
Segundo sua opinião, "ser
uma religião do establishment implica
não estar do lado dos
anjos, mas sim ao lado dos batalhões,
e significa aceitar todos os
acréscimos originalmente
estranhos à religião."
Toynbee teve uma longa atuação
como historiador e professor
mas também como homem
público. Pertenceu ao
Corpo Docente da Universidade
de Londres. Atuou na Conferencia
de Paz de Paris em 1919 e foi
diretor do Royal Institute of
International Affair durante
trinta anos, de 1925 a 1955.
Com Um estudo da história revelou
ser pessoa de extrema erudição.
Essa obra foi divulgada em edições
resumidas.
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