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Dicionário das Obras
Básicas da
Cultura Ocidental
Antonio Paim
Índice: a - b - c - d - e - f - g - h - i - j - k - l - m - n - o - p - q - r - s - t - u - v - x - w - z
ÉSQUILO
Ésquilo é o mais velho dos três grandes dramaturgos gregos
cuja obra chegou até nós, sendo os dois outros Sófocles
e Eurípedes. Dentre as criações originais(1) da
Grécia Antiga, sobressai a tragédia.
Tudo indica que o interesse pelo
teatro era muito grande, razão
pela qual assumiu feição
bem definida. Pelo menos é a
impressão que se recolhe
dos achados arqueológicos,
embora talvez o quadro do qual
se dispõe de maior informação
(situado no V século antes
de Cristo) possa ter resultado
de longa evolução,
como supõem muitos estudiosos.
Tinha forma côncava, isto é,
escavado para situar os espectadores
não apenas ao nível
do palco como também em
posições mais elevadas.
O local em que as pessoas se
sentavam era circular e estendia-se
até a metade da circunferência,
de modo a ficarem de frente para
o palco. Adiante da cena achava-se
a orquestra, onde se
localizava o coro, sendo este
liderado pelo corifeu.
Ambos, coro e corifeu, ocupam
papel central na peça.
O número de atores na
cena é reduzido a dois
ou três.
Ainda que o interesse pelo teatro
devesse estender-se pelas mais
importantes cidades gregas, os
três grandes atuaram em
Atenas.
Ésquilo nasceu no ano de 525 e faleceu em 456. Era trinta anos mais
velho que Sófocles mas as informações disponíveis
sugerem que suas peças hajam sido encenadas ao mesmo tempo, ainda em
vida do primeiro. Assim, a primeira tragédia de Sófocles teria
sido apresentada em 468, ao tempo em que Ésquilo era famoso e tinha
a preferência do público.
Como os grandes dramaturgos eram
personalidades públicas
e tiveram participação
nos embates da época,
discute-se se nessa ou naquela
peça haveria insinuações
relacionadas a acontecimentos
contemporâneos, embora
versando temas consagrados e
que poderiam ser denominados
de clássicos.
Com efeito, no século
V ocorreram eventos marcantes
na história de Atenas
e, em geral, nas cidades gregas.
As reformas de Clístenes,
das quais resultou a democracia,
iniciam-se em 508. Entre 490
e 449 ocorrem as três grandes
invasões persas. Nos anos
sessenta começa a carreira
política de Péricles,
que se encontra no poder de 461
a 429. A paz com os persas é firmada
em 448. Mas logo adiante, em
446, inicia-se a guerra contra
Esparta que, embora logo solucionada,
acabou assumindo maior duração,
sob a denominação
de Guerra do Peloponeso, que
se estende de 431 a 404. Ao longo
do século, é acirrada
a disputa entre partidários
da democracia e os que lhe eram
contrários, chamados de “oligarcas”.
Ésquilo é considerado como um ardente patriota, tendo participado
da guerra contra os persas, ao lado de seus irmãos. Sua fama estendia-se
a toda a Grécia, inclusive a chamada Grécia Ocidental, que incluía
grande parte da Itália meridional, para onde fez sucessivas viagens
e acabou por falecer naquela área, numa localidade da Sicília.
Situa-se também entre os partidários da democracia.
Acredita-se que Ésquilo
haja escrito cerca de oitenta
peças. As que nos chegaram
integralmente são apenas
estas: Os persas; Os sete
contra Tebas; Os suplicantes;
Prometeu acorrentado; e
a trilogia denominada Oréstia,
compreendendo Agamenon; Os
Coéforos (portadores
das oferendas destinadas aos
mortos) e Os eumênides (espíritos
dos mortos).
Ainda que não sejam legítimas
conclusões relativas à sua
obra, à vista do caráter
diminuto do que chegou até nós,
pode-se verificar a grande presença
da mitologia grega, como de resto
ocorre com Sófocles e
com Eurípedes. A par disto,
os acontecimentos marcantes da
própria época,
também comparecem, como é o
caso de Os persas.
Os persas foi escrita para celebrar a liquidação da
esquadra persa no ano de 480. Um mensageiro vai contar à rainha-mãe
(viúva de Dario) a derrota do seu filho (Xerxes). Além dos dois
intervêm apenas a alma de Dario e o próprio Xerxes.(1) O
tema central é a reação dos personagens na medida em que
tomam conhecimento dos fatos. No entendimento de Raphael Dreyfus, organizador
do volume dos Trágicos Gregos, correspondente a Ésquilo
e Sófocles, da editora Pléiade, Ésquilo evitou colocar
em cena ou sequer mencionar qualquer dos heróis gregos não apenas
pelo fato de que, unidos contra o invasor estrangeiro, encontravam-se divididos
pelas disputas políticas internas, “mas, escreve, seria sobretudo
esquecer que a vitória é de uma cidade inteira, livre e unânime,
e por isto mesmo da Grécia, de homens que não são escravos
de ninguém” (Tragiques grecs, Paris, Pléiade,
1967, vol. I, p. 10).
Continuam merecendo grande acolhida
as peças de Ésquilo
relacionadas à mitologia
grega, tanto através de
traduções, sucessivamente
reeditadas, como de encenação
teatral, com enorme acolhida
de público (Ver também
(Os) Sete contra Tebas e Oréstia;
e Prometeu Acorrentado,
de ÉSQUILO e SÓFOCLES).
(1) Considera-se
como criações
originais do pensamento grego
o desenvolvimento da capacidade
de abstração
e generalização,
de que se costuma citar como
exemplos a matemática
e a política; a classificação
do saber; a formulação
inicial de diversas disciplinas
que se preservaram, como
a filosofia, a lógica,
a medicina, etc., e a diferenciação
das principais formas de
manifestação
artística (a tragédia;
a escultura, a poesia etc.).
(1) O
Império Persa é o
herdeiro e continuador dos
grandes impérios existentes
na Mesopotâmia, de
cuja existência se
tem notícia ainda
no terceiro milênio
antes de Cristo. Na altura
do século VI antes
de nossa era, a Pérsia
conquista a hegemonia no
Oriente Médio e prepara-se
para a campanha contra os
gregos, efetivada no século
V, consoante se indicou.
O império Persa foi
derrotado por Alexandre por
volta do ano 333. Xerxes
I (486/465), filho de Dario
I (522/486), reprimiu violentamente
revoltas no interior do império
mas não logrou submeter
os gregos. Vítima
de intrigas palaciana, morreu
assassinado.
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