Dicionário das Obras Básicas da
Cultura Ocidental

Antonio Paim

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Édipo Rei e Antígona, de Sófocles

Na peça de Sófocles, a história de Édipo vai sendo desvendada aos poucos. A situação de Tebas é dramática, vítima da peste, colheitas perdidas, o gado morrendo. O deus dos Infernos, Hades, alegra-se com as lamentações da cidade, segundo o sacerdote a quem Édipo convoca, na condição de Rei. A recomendação, ao dirigente máximo, é que busque orientação com o oráculo. Esta vem pela palavra de Creon (irmão de Jocasta e cunhado do Rei): é preciso vingar a morte de Laos. Começa assim a reconstituição do trágico incidente. Na medida em que se torna claro que, em cumprimento à profecia matara o pai e vivia com a mãe, Édipo reage violentamente.

O primeiro enfrentamento da verdade dá-se com Tirésias, velho cego e adivinho, que lhe diz diretamente que é o assassino de Laos. Édipo recusa acreditar, considera-o louco e insano, expulsando-o do palácio. A própria Jocasta ajuda-o na busca da verdade, convocando o empregado a quem fora entregue a criança, pelos pais (Laos e Jocasta), para que fosse morta. Este revela o segredo: penalizado preservara-o da morte. Finalmente, o quadro se completa com a descrição, por Jocasta, da figura de Laos. Não há mais dúvida de que foi a pessoa a quem Édipo matara quando procurava fugir do destino que lhe havia sido revelado. Seu verdadeiro pai era o desconhecido com quem esbarrara na estrada e não a pessoa de quem fugia, que apenas o criara. Jocasta enforca-se. Édipo cega-se.

Édipo Rei
corresponde à peça de Sófocles que teve maior acolhida no Ocidente, sobretudo depois que a psicanálise batizou de “complexo de Édipo” à problemática do incesto. Além de traduzida às principais línguas – e sucessivamente reeditada –, seria sucessivamente encenada, merecendo ainda versões cinematográficas. O mesmo entretanto não ocorreria com a outra peça dedicada ao personagem: Édipo em Colônia. Trata-se da reabilitação de Édipo pelos deuses, já que mereceria ser redimido de uma falta que cometera involuntariamente e que buscara evitar.

O tema Antígona mereceu sobretudo consideração filosófica, a partir de Hegel. Na revolta contra Creon (que passara a deter o poder em Tebas após o exílio de Édipo), os dois filhos homens (Polinice e Eteócle) deste último acabam morrendo. Como haviam tomado partido diverso na disputa, Creon proibiu que Polinice fosse enterrado desde que lhe fez oposição. Antígona rebela-se e decide não cumprir a ordem de Creon. Condenada à morte, enforca-se. Sua rebeldia permitiria vislumbrar a existência de um direito superior ao da cidade, o da pessoa. Como essa noção não aparece na Grécia Antiga (há cidadãos ou bárbaros, sendo que estes não teriam alma) essa hipótese tornou-se amplamente polêmica (ver também SÓFOCLES).

 

 

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