Dicionário das Obras Básicas da
Cultura Ocidental

Antonio Paim

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Discurso do método, de Descartes

René Descartes nasceu em La Haye, na França (localidade que, presentemente, tem o seu nome), em 1596 e morreu em Estocolmo, Suécia, em 1650, aos 54 anos de idade. Sua obra constitui uma referência fundamental da Filosofia Moderna.

Descartes educou-se no Colégio de La Flèche, dos Jesuítas, que estava entre os mais famosos estabelecimentos de ensino existentes na França, tendo-o concluído em 1614, aos dezoito anos. Em seguida viajou por diversos países, residindo em Paris entre 1625 e 1628. Neste último ano mudou-se para a Holanda, ao que se supõe com receio das perseguições religiosas, permanecendo ali até 1649. Convidado pela rainha Cristine, trasladou-se à Suécia nesse último ano, vindo a falecer ali, no seguinte, conforme se referiu.

Embora seja mais conhecido pelo seu livro Discurso do método, aparecido em 1637 – de que há diversas edições em português –, Descartes pretendia elaborar uma nova física, contraposta à de Aristóteles. Ainda que não tenha sido bem sucedido nesse mister – inclusive sua obra científica só foi divulgada postumamente, devido ao ambiente de perseguição religiosa vigente no continente –, tornou-se uma figura central dentre os iniciadores da Filosofia Moderna. É autor das Meditações metafísicas (1641); dos Princípios da Filosofia (1644); As paixões da alma (1649) e das Regras para a direção do espírito (publicadas após a sua morte, em 1701).

Descartes entendia que a lógica aristotélica consistia em mera ordenação e demonstração de princípios já estabelecidos. Seu método, em contrapartida, pretende ser um caminho para a invenção e a descoberta. Ao contrário de Bacon, que se atem ao que depois se denominou de empirismo (isto é, ao primado da experiência sensível), Descartes inaugura o chamado racionalismo. O procedimento que recomenda é dedutivista, como o de Aristóteles. Contudo, não se exerce diretamente sobre a coisa mas sobre a nossa percepção. Em sua meditação, a ordem real é substituída pela que justifica nossas observações sobre as coisas. Daí os quatro famosos preceitos: l) não aceitar por verdadeiro senão aquilo que se apresenta clara e distintamente ao espírito; 2) dividir as dificuldades em tantas partes quantas seja possível para melhor solucioná-las; 3) ordenar os pensamentos dos mais simples para os mais complexos; e, 4) fazer enumerações completas de sorte a nada omitir.

No caso de Bacon estamos voltados para o exterior. Em Descartes, para a luz natural da inteligência. Assim, a questão suscitada pelos navegadores acerca do valor das observações, encontra em Bacon e Descartes respostas diametralmente opostas. (Ver também BACON, GALILEU e DESCARTES).

 

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