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Dicionário das Obras
Básicas da
Cultura Ocidental
Antonio
Paim
Índice: a - b - c - d - e - f - g - h - i - j - k - l - m - n - o - p - q - r - s - t - u - v - x - w - z
(Os)
Deuses da Grécia,
de Walter F. Otto
Walter Frederico Otto (1874-1958),
nascido em Hechingen, Alemanha,
tendo estudado Humanidades em
Stuttgart, entrou no seminário
teológico de Tübingen,
sem completar, porém,
a sua formação
de pastor, para dedicar-se à filologia
clássica que estudou em
Bonn. Foi docente nas Universidade
de München, Viena, Basiléia,
Frankfurt, Göttingen e Tübingen.
Seu nome está ligado à história
das religiões.
Tratando de colher o espírito
da religião grega, em
sua obra Teofania, Walter
Otto aborda as características
da religião grega, que
se nos apresenta sem dogmas,
sem uma classe sacerdotal definida
e possuidora de um saber a ser
transmitido em nome de uma autoridade
divina, sem uma escritura sagrada,
sem uma fé obrigatória,
com exceção de
algumas regras de culto e a existência
dos Deuses.
Aliás para conhecer o
espírito da religião
grega, Walter Otto afirma que
paradoxalmente, devemos nos ater às
obras profanas, dos grandes poetas
que se sentem investidos da grande
missão de transmitir a
verdade que aprenderam da inspiração
das Musas. Daí que Walter
Otto irá aprofundar o
real sentimento do mito, deixando
de lado o preconceito que leva
a avaliar o mito a partir de
uma perspectiva moderna.
Além do estudo contido
na Teogonia, ao tema
Walter F. Otto dedicou o livro Os
Deuses da Grécia.(1)
Na visão do autor, no
tocante à religião
grega também se pode falar
em revelação. Esta
teria sido proporcionada por
uma divindade particular, a Musa.
Para o grego, a Musa é a
Deusa da verdade no sentido mais
elevado. Escreve que, “no
canto, que cantam as Musas, ressoa
a verdade de todas as coisas”.
Não se trata, contudo,
como no cristianismo, de anúncio
de salvação terrena
ou celeste.
Na religião grega não
há crença em milagre.
Não se pode falar, propriamente,
em ruptura da ordem natural.
No mundo da convivência
humano-divina, o divino não
tem superioridade sobre os fatos
naturais. No entendimento de
Walter Otto, os gregos adotam
uma atitude negativa diante do
pensamento mágico.
Os Deuses gregos estão
dotados de imortalidade e de
uma espécie de permanência
numa idade na qual sobressaem
as características da
juventude (vivacidade, vigor
etc.). Além disto, não
são equiparáveis.
As grandes divindades formam
um círculo restrito. Walter
Otto ressalta o caráter
engenhoso da solução
dada por Homero para o problema
da morte. Embora lhe reste certo
conhecimento de seu estado, o
morto não pode agir e
só dispõe de passado,
inexistindo-lhe presente ou futuro,
embora haja casos em que se possa
manifestar.
Para Homero, nenhum detalhe da
vida humana parece ter sentido
sem a referência a uma
divindade. Às vezes agem
individualmente, outras em conjunto,
existindo antagonismos entre
eles.
Assim, Walter Otto quer sobretudo
destacar a singularidade da religião
grega, que entende possa ser
apreendida se for estudada sem
idéias pré-concebidas.
Suas análises estão
fartamente ilustradas por exemplos
retirados da obra de Homero.(1)
(1) Esta
obra foi traduzida ao espanhol
e publicada pela Editora
Universitária de Buenos
Aires, com uma segunda edição
em 1973.
(1) A
descrição dos
rituais, do culto, dos santuários
e das festas pode ser encontrada
nas obras dedicadas à caracterização
da mitologia grega. Jacob
Burckhardt (1818-1897) procedeu à periodização
da religião grega
- subdividindo-a nos períodos
homérico; posterior às
reformas de Clístenes
e alexandrino – na
sua monumental História
da Cultura Grega.
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