DARWIN, Charles
Charles Robert Darwin nasceu no interior da Inglaterra, em 1809. Era filho de
um médico e desde jovem revelou um grande interesse por colecionar selos,
conchas e outros objetos mas não se destacou na escola. Em 1825, aos
16 anos, ingressou na Universidade de Edimburgo, com o propósito de
estudar medicina porém não se adaptou ao curso. Transferiu-se
então para Cambridge a fim de preparar-se para o sacerdócio.
Contudo, em 1832, aos 22 anos, empregou-se como naturalista para realizar levantamentos
geológicos das costas setentrionais da América do Sul e de outros
continentes daquela parte do hemisfério. A viagem durou cinco anos,
o que lhe permitiu ver pela primeira vez uma floresta tropical, no Brasil,
entrar em contato com a Terra do Fogo – habitada por “homens tão
destituídos de crenças que dificilmente pareciam humanos” –,
e verificar a consistência das teorias em voga acerca das camadas geológicas
da terra. Na ilha de Cabo Verde, nas costas africanas, pode reconstituir toda
a história geológica da ilha. Enfim, ficou em condições
de discutir com os principais teóricos ingleses da geologia, a partir
das pesquisas que realizara. Antes do fim da década publicou-as com
grande sucesso de público: Journal of researches into the Geology
and Natural History of the Various Countries visited by H.M.S. Beagle (1839).
Embora não fosse esse o propósito da viagem, Darwin, paralelamente à pesquisa
geológica, interessou-se pela questão das espécies. Queria
saber porque havia animais semelhantes em lugares tão distantes. Teve
oportunidade de comparar, por exemplo, o avestruz sul africano com a ema sul
americana. No sudoeste do Pacífico, encontrou fósseis que indicavam
a presença de animais estreitamente relacionados substituindo-se uns aos
outros, na medida em que se avançava para o Sul. Tornava-se plausível
supor que teriam um antepassado comum. Meditou longamente todas estas questões
e, finalmente, em 1858, escreveu o livro que apareceria no ano seguinte, em 1859,
que viria a ser popularizado como Origem das espécies, mas que,
na verdade, tinha um título bem mais amplo: “Sobre a origem das
espécies graças à seleção natural, ou a preservação
de traços favorecidos na luta pela vida.”
A tese era a seguinte: as espécies sobreviventes eram aquelas que se adaptavam
ao meio ambiente e as forças que operavam eram tão poderosas que
formavam espaços vazios na população animal, eliminando
as espécies que haviam sofrido variações desfavoráveis.
Estes vazios eram preenchidos pelas espécies cujas variações
as haviam tornado melhor adaptadas. Pela seleção natural, sobreviviam
os mais aptos a viver em ambientes alterados.
A obra de Darwin, pela abundância de provas mobilizadas em favor da hipótese,
tornou o conceito de evolução cientificamente respeitável.
Mas também deu lugar a muita celeuma. Organizações religiosas
recusaram-se a aceitá-la. Ao mesmo tempo, surgiu o chamado “darwinismo
social” com o propósito de justificar as desigualdades existentes
na sociedade.
Entretanto, no mundo científico a hipótese de Darwin deu origem
a duas linhas de pesquisa que serviriam para reduzir o significado de extrapolações
indevidas. A primeira seria a tentativa de reconstituir o processo evolutivo
das espécies mediante a identificação de locais onde se
preservaram muitos daqueles traços. Evidenciou-se ser este um processo
lento e custoso.
Maiores frutos vêm sendo colhidos da segunda linha de pesquisa, destinada
a estabelecer como se processa a transmissão dos caracteres adquiridos,
uma questão que Darwin deixou em aberto. (Ver também Origem
das espécies, de MENDEL, Charles Darwin).
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