Dicionário das Obras Básicas da
Cultura Ocidental

Antonio Paim

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DANTE ALIGHIERI

Nasceu em Florença, no ano de 1265, e faleceu, em Ravena, em 1321. Ainda que o seu nome esteja indissoluvelmente ligado ao imortal poema Divina Comédia, foi um político proeminente e escreveu obra de caráter teórico.

Em sua terra natal, Dante foi incumbido de diversas missões diplomáticas. Além disto, pertencia à mais alta hierarquia governamental, sendo um dos sete magistrados que regiam os destinos da cidade. A política em Florença, como de resto na Itália de seu tempo, nutria-se de divisões acentuadas. Formalmente, os dois principais grupos denominavam-se gibelinos (moderados) e guelfos (partidários radicais do Papa), sendo que Dante pertencia à primeira, o que explica a posição doutrinária adiante referida. Tendo a balança se inclinado em favor dos guelfos, foi exilado em Ravena.

Ravena havia sido o centro do Império Romano do Ocidente e também sede das possessões bizantinas entre os séculos VI e VIII, situando-se às margens do Adriático, no Norte da Itália.

Durante o exílio escreveu um tratado de filosofia a que intitulou de O Banquete, ensaios de natureza científica e uma obra política em que toma partido na grande disputa que então tinha lugar.

Na Idade Média ocorreu significativa inflexão no debate teórico da política. Na Grécia e em Roma buscou-se descrever as formas de governo e escolher qual seria a melhor e a mais perfeita. Na medida em que se consolida o regime feudal e são derrotadas as últimas invasões bárbaras, passa a sobressair o tema das relações entre os poderes espiritual e temporal. Duas são as posições adotadas. A primeira afirma a separação entre os dois. No plano espiritual, dá-se o domínio da Igreja; e, no temporal, o do governante. A segunda preconiza a franca superioridade eclesiástica em matéria temporal.

Dante denominou o seu tratado político de Monarquia. Inclina-se pela independência dos dois poderes. Costuma-se destacar o argumento que usou em favor dessa tese. Aos que justificavam a subordinação do poder temporal à Igreja invocando as teorias astronômicas – e comparando o Papa ao Sol e o Imperador à Lua – responde que, se a Lua é iluminada pelo Sol, não deve a este o movimento.

Contudo, a Divina Comédia é que lhe granjeou a fama conquistada. O seu túmulo em Ravena, ainda que a cidade distinga-se pela magnitude de seus monumentos históricos, encontra guarida na preferência da visitação turística. (Ver também (A) Divina Comédia e Monarquia de DANTE ALIGHIERI).

 

 

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