Ciência da Lógica,
de Hegel
Quando procedia à elaboração
da Fenomenologia do Espírito,
Hegel pretendia que corresponderia à primeira
parte do que então se
chamava de “Sistema da
ciência”, isto é,
um sistema filosófico
com pretensões a durar
eternamente, que era a grande
ambição dos pensadores
alemães que se seguiram
imediatamente a Kant. A Lógica
deveria ser a segunda parte,
seguindo-se a Filosofia da Natureza
e a Filosofia do Espírito.
Ao realizar esse projeto, na Enciclopédia,
não encontrou mais um
lugar para situar a Fenomenologia.
Esta ter-lhe-á servido
sobretudo para mostrar que poderia
chegar a uma formulação
ainda mais abstrata do caminho
ali percorrido. Deste modo, a
Lógica constitui a metafísica
hegeliana. Apesar da aposta de
Hegel, a posteridade atribuiu
maior importância à Fenomenologia,
considerando que a sua gnoseologia
marcaria um momento decisivo
na Filosofia Ocidental enquanto
a sua metafísica acabaria
inteiramente ultrapassada e esquecida.
A Lógica está subdividida
em três grandes seções:
a doutrina do ser, a doutrina
da essência e a doutrina
do conceito.
Na primeira seção
estão consideradas categorias
como a qualidade e a quantidade,
além das determinações
do ser. Na doutrina da essência
estuda a sua relação
com a categoria da existência;
o fenômeno e o mundo do
fenômeno; conteúdo
e forma; relação,
substância, causalidade
e ação recíproca.
Finalmente, na terceira apresenta
o seu entendimento do conceito
e examina temas clássicos
como o do juízo, do silogismo,
do mecanismo, da teologia etc.,
para chegar à idéia
absoluta.
Hegel identifica o pensamento
e a coisa pensada. Mais ainda:
saber e absoluto se confundem.
O saber absoluto tampouco é diferente
do saber imediato, do qual parte
a Fenomenologia, equivalendo à sua
tomada de consciência.
O discurso da Lógica é,
portanto, o discurso do Absoluto.
Por esse meio imaginava ter chegado
a uma síntese que nada
deixaria de fora.
Acredita também que a
linguagem humana seja a reflexão
interna do ser tomado em si mesmo,
como também a fusão
do mediato e do imediato. Tem
em vista, naturalmente, a linguagem
elaborada filosoficamente. A
filosofia ocupa-se de demonstrações
intrínsecas, isto é,
interiores ao discurso, que,
no fundo, achava que traduziria
plenamente o real. As demonstrações
extrínsecas são
do âmbito da matemática.
Embora aceitando a eliminação
do “fantasma da coisa em
si”, efetivada pelos seguidores
imediatos de Kant, Hegel não
se propõe restaurar a
perspectiva transcendente, isto é,
a filosofia antiga e medieval,
abandonada a partir de Kant.
Em suas mãos, o Absoluto
transforma-se numa grande construção,
que não deve ser considerada
em seus segmentos isolados mas
na totalidade. (Ver também Fenomenologia
do espírito, do autor).
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