(A)
Canção
de Rolando
A canção
de Rolando é considerado
texto representativo
do chamado ciclo
carolíngio
da literatura medieval.
Esta estaria constituída,
basicamente, por
poemas a serem recitados
(ou cantados com
acompanhamento musical)
perante auditório
que se admite seleto,
formado por integrantes
de determinadas Cortes.
A julgar pelo que
foi registrado e
chegou até nós,
estavam dedicados
a exaltar grandes
feitos, por isto
batizados pelos eruditos
de épica medieval.
Pela ordenação
alguns destes poemas
destinavam-se a ser
cantados, por isto
chamados de canções
de gesta, significando
esta palavra "coisa
feita" (ou ocorrência).
Teriam portanto a
pretensão
de estar referindo
fatos históricos.
O herói deste
ciclo, Carlos Magno
(742/814), insere-se
na fase em que os chamados "bárbaros" que
destruíram o
Império Romano,
convertidos ao cristianismo,
devem enfrentar novo
período de invasões. A
canção
de Rolando diz
respeito ao enfrentamento
dos árabes que
terminaram por ocupar
a Península
Ibérica, de
onde somente foram
expulsos muitos séculos
depois. Mas ocorreram
igualmente invasões
ao Norte (dos normandos,
também chamados
de vikings, que conquistaram
as ilhas britânicas
e parte da França)
e no Centro. O grande
estudioso da sociedade
medieval, Marc Bloch,
designou a esse período,
que dura até a
metade do século
X, como "idade
das trevas". Carlos
Magno, que governou
aquela parte que corresponderia à França
a partir de 768, reconstituiu
o Império (no
ano 800) em grande
parte do território
da Europa Ocidental.
Embora existam outras
versões de A
canção
de Rolando, o
texto mais antigo é o
existente na Biblioteca
de Oxford, na Inglaterra,
redigido em dialeto
anglo-normando. Acredita-se
que tenha sido escrito
entre o final do século
XI e meados do século
XII. O enredo do poema
tem por base a batalha
de Roncesvales, ocorrida
em 778, quando Carlos
Magno tinha 36 anos
de idade. O seu exército
fora a Barcelona para
tentar tirar proveito
de uma cisão
entre os árabes.
A démarche não
foi bem sucedida o
que o fez regressar à França.
Durante o regresso
a retaguarda é dizimada
pelos árabes,
perecendo no combate
o sobrinho do rei (Rolando,
que dá nome
ao poema) e um dignatário
da Igreja (bispo Turpino).
Ainda que tome por
base um fato histórico,
a versão do
poema é inteiramente
fantasiosa. Carlos
Magno é apresentado
como tendo 200 anos.
Os efetivos militares
em disputa também
são dimensionados
de modo exagerado.
O poema está dividido
em quatro partes: A
traição
(versos 1 a 1016);
A batalha (versos 1017
a 2396); O castigo
dos pagãos (versos
2397 a 3647) e o castigo
de Ganelão (versos
3675 a 4002).
Em disputa pessoal
com Rolando, o conde
Ganelão, mandado
negociar com os árabes,
acerta com estes obter
a divisão do
exército, facilitando
a sua vitória.
De volta ao comando,
convence Carlos Magno
a retomar à França,
onde os árabes
irão prestar-lhe
as devidas honras,
deixando na retaguarda
uma tropa comandada
por Rolando. Atacada
esta pelos árabes,
Rolando reluta em pedir
socorro a Carlos Magno,
já que se achava
em inferioridade numérica.
Acaba entretanto por
faze-lo mas não
a tempo de sobreviver.
Vindo em seu socorro
a tropa de Carlos Magno
dizima aos infiéis.
Admite-se que o poema
tenha alcançado
imensa popularidade
notadamente na fase
de sua transcrição,
quando a Europa mobiliza-se
para as cruzadas (Ver
também Don Quixote,
de Cervantes)
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