BENTHAM, Jeremy
Nasceu em Londres,
em 1748, estudou
em Oxford e dedicou-se
a conceber reformas
o sistema jurídico
e político
de que pudesse resultar
a elevação
do nível de
participação
das pessoas na vida
política.
Na sua visão,
o caminho do aprimoramento
das instituições
passava pela crítica
dos cidadãos,
o que, por sua vez,
requeria a existência
do maior grau de
liberdade. Essa proposta,
de índole
democrática,
não foi assim
denominada mas de radical.
Sua obra fundamental – Princípios
da Moral e da Legislação (1789) – alcançou
certa repercussão
no continente europeu,
influindo em muitos
constitucionalistas
do início
do século.
Alguns delegados
das Cortes de Cadiz
manifestaram expressamente
conhecer e aceitar
as idéias
de Bentham, ainda
que a Constituição
de 1812, ali aprovada – que
teve grande influência
na América
e na Revolução
do Porto de 1820 – se
inspirasse sobretudo
na primeira Carta
aprovada pela Revolução
Francesa. Na Inglaterra,
contudo, as idéias
reformistas de Bentham,
que estavam na base
do chamado movimento
cartista da década
de quarenta – reivindicando
sufrágio universal
e outras propostas
de índole
democrática – não
foram introduzidas
naquela oportunidade.
Como a Inglaterra
acabaria, mais tarde,
adotando propostas
análogas,
entende-se que a
liderança
liberal do país
deu preferência à experimentação
gradual, recusando
as sugestões
de Bentham por seu
caráter abstrato,
desde que deduzidas
de considerações
filosóficas
sobre a natureza
humana. De todos
os modos, o radicalismo
não deixou
de beneficiar-se
do que se convencionou
denominar de democratização
da idéia liberal.
Ainda no século
passado, muitas agremiações
políticas,
simpatizantes da
causa liberal, chamaram-se
Partido Radical ou
denominações
afins, como se deu
na Argentina, onde
o partido liberal
até o presente
chama-se União
Cívica Radical.
Em 1824, Bentham fundou
o Westminister
Review, que viria
a transformar-se no
principal opositor
da imprensa conservadora.
Além de posicionar-se
diante de questões
políticas emergentes,
essa publicação
tinha o propósito
de difundir a doutrina
filosófica preconizada
por Bentham. Esta passou à história
com o nome de utilitarismo.
Bentham acreditava
na possibilidade de
transformar a ética
numa ciência
positiva da conduta
humana.
Em sua obra de cunho
reformista, Bentham
contou com a colaboração
de James Mill (1773-1836),
que preparou seu filho,
John Stuart Mill (1806-1873)
para ser o herdeiro
e continuador do bentanismo.
A suposição
de que o comportamento
humano poderia tornar-se
previsível acumulando
aferições
quantitativas de determinadas
ações,
defendida por Bentham
em sua obra filosófica,
tomada em sua generalidade,
nunca passou de simples
aspiração.
Contudo, limitando
a esfera de investigação,
a denominada ciência
política norte-americana
acabaria obtendo amplos
resultados, notadamente
no que se refere ao
comportamento eleitoral.
Esse sucesso também
beneficiaria o utilitarismo,
que sempre gozou de
grande popularidade
nos países de
língua anglo-saxônica.
Além dos mencionados Princípios
da Moral e da Legislação,
Bentham divulgou outros
textos, entre estes
alguns dedicados à lógica.
Na década de
sessenta, publicaram-se
na Inglaterra os Collected
Works, em 38 volumes.
Contudo, a ampla difusão
nas mais diversas línguas
tem se limitado à primeira
obra. É muito
vasta a bibliografia
dedicada a Bentham
e ao utilitarismo.
Faleceu em 1832, aos
84 anos. (Ver também MILL,
John Stuart).
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