ASSIS, Machado de
Machado de Assis inclui-se
entre os maiores escritores
da língua portuguesa
sendo,
sem favor, o maior do Brasil.
Essa não é,
por certo, razão suficiente
para incluí-lo no
Cânon
Ocidental. Tendo chegado
ao centro do palco quando
este já se achava
povoado por tipos
humanos inventados por autores
do porte de Shakespeare,
Cervantes e tantos outros,
nem por
isto assustou-se e imaginou
que não haveria espaço
para mais ninguém.
Ao invés disto, soube
introduzir na cena Brás
Cubas, Quincas Borba, o Conselheiro
Aires que logo sentiram-se à
vontade em tão honrosa
companhia. Mais que isto,
seus principais personagens
cultivam uma
determinada atitude diante
da vida. Não se trata
de conformismo nem de apologia
de atitudes
cínicas, mas a aceitação
do inevitável e a
capacidade de reagir com
bom humor às situações
mais inesperadas. Além
disto, sua prosa alcançou
verdadeiro primor. Como diz
Harold Bloom,
“a genialidade de Machado
de Assis é manter
o leitor preso à narrativa,
dirigir-se a ele
freqüente e diretamente,
ao mesmo tempo em que evita
o mero “realismo” ... É uma
espécie de
milagre, mais uma demonstração
da autonomia do gênio
literário, quanto
a fatores como tempo
e lugar, política
e religião, e todo
o tipo de contextualização
que supostamente produz a
determinação
dos talentos literários.”2
Joaquim Maria Machado de
Assis nasceu no Rio de Janeiro,
numa família humilde.
Começa a trabalhar
muito cedo, como tipógrafo.
Revelando capacidade de expressão,
obtém
emprego de revisor e depois
de redator de jornal. Paralelamente
fez carreira como funcionário
público, chegando,
nessa condição,
a ocupar altos cargos públicos.
Todos os seus biógrafosressaltam
o papel que teve em sua vida
a mulher que escolheu para
esposa (Carolina,
portuguesa de nascimento,
recém chegada ao Brasil).
Colaborando assiduamente
na imprensa, como cronista
ou autor de folhetins, torna-se
conhecido nos meios literários.
Dos trinta aos quarenta anos
publica os primeiros romances
e
coletânea de contos.
A consagração
como escritor dá-se
entretanto mais tarde. Inicia-se
com a
publicação
de Memórias póstumas
de Brás Cubas, em
1881, aos 42 anos de idade.
Seus livros
posteriores (Quincas Borba,
Dom Casmurro, Esaú e
Jacó e Memorial de
Aires) fazem com
que alcance reconhecimento
como a maior expressão
literária do país.
Em 1887, é criada
a
Academia Brasileira de Letras,
sendo Machado de Assis escolhido
seu primeiro presidente.
Faleceu no Rio de Janeiro
em 1908, aos 69 anos de idade
(Ver também Memórias
Póstumas de Brás
Cubas e Esaú e Jacó e
Memorial de Aires).
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2 Genius: a mosaic of one hundred
exemplary creative mind (2002).Tradução
brasileira, Rio de Janeiro, Objetiva,
2003, Cap. IX.