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Dicionário das Obras
Básicas da
Cultura Ocidental
Antonio Paim
Índice: a - b - c - d - e - f - g - h - i - j - k - l - m - n - o - p - q - r - s - t - u - v - x - w - z
Imitação de Cristo,
de Tomás de Kempis
O livro Imitação de Cristo foi atribuído a Tomás
Hemerken (1379-1471), conhecido como Tomás de Kempis em decorrência
do mosteiro a que pertencia situar-se na localidade assim denominada (Renânia,
Alemanha). No mosteiro de Kempis formulou-se a chamada Devotio moderna,
que se admite reflita o tipo de devoção religiosa prestigiado
e apregoado na Idade Média. Consistiria no empenho de tomar por modelo
a pessoa de Cristo, a fim de organizar, de forma metódica, a vida interior,
graças à leitura do Novo Testamento, completada pela meditação,
a oração, o exame de consciência e a prática de
penitências. A fonte inspiradora seria o despojamento pregado pelos franciscanos
e a mística dos dominicanos alemães. As Ordens Franciscana e
Dominicana haviam sido criadas nos começos do século XIII, isto é,
em torno de duas centúrias antes da elaboração da Devotio
moderna e do aparecimento da Imitação de Cristo.
A obra é dividida em quatro partes (livros), tratando de Avisos úteis
para a vida espiritual; Exortações à vida interior; Da
consolação interior; Do sacramento do altar.
Os assuntos abordados nos primeiros dois livros referem-se ao conhecimento
de si mesmo, contendo um apelo à vida interior. Da imitação
de Cristo e do desapego das vaidades do mundo; Do humilde sentir de si mesmo;
Dos ensinamentos da verdade; Da resistência às tentações;
Da vida interior; Da pureza da mente e da intenção reta; Da consideração
de si mesmo; Da alegria da boa consciência.
Esta etapa da vida espiritual é denominada, pelos místicos,
da “Via purgativa”.
O terceiro livro trata: Da comunicação interior de Cristo à alma
fiel; Como a Verdade fala, dentro de nós, sem estrépito de palavras;
Como as palavras de Deus devem ser ouvidas com humildade e como poucos a ponderam;
Dos admiráveis efeitos do amor divino; Como devemos por em Deus toda
a esperança e confiança.
Esta é a chamada “Via iluminativa”, quando Deus se comunica à alma
desejosa de perfeição.
O quarto livro trata da união com Deus, particularmente na Vivência
da Eucaristia. Seria a chamada “Via unitiva”.
Assim, a Imitação de Cristo está voltada para
a vivência religiosa pessoal, relegando a um plano secundário
o compromisso dos clérigos com a missão evangelizadora do cristianismo.
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