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Dicionário das Obras
Básicas da
Cultura Ocidental
Antonio Paim
Índice: a - b - c - d - e - f - g - h - i - j - k - l - m - n - o - p - q - r - s - t - u - v - x - w - z
Fábulas, de
La Fontaine
Jean de La Fontaine (1621/1695)
viveu no tempo de Luís
XIV, quando a França registra
grande esplendor literário,
notadamente na tragédia
(Cornele e Racine), na comédia
(Molière) e no teatro.
Demorou muito a que fosse admitido
no restrito grupo de protegidos
do Rei mas acabou por alcança-lo,
após tornar-se respeitável
como autor dos Contos e Novelas
em versos. Contudo,
o que lhe deu notoriedade seriam
as Fábulas. Foi
admitido á Academia Francesa
em 1684, aos 63 anos.
La Fontaine fez preceder as Fábulas do
elogio do poeta grego Esopo,
a quem atribui a primazia no
gênero. Este consiste em
transmitir ensinamentos morais,
valorizados pela civilização
e que deveriam ser cultuados,
pela voz de animais que falam.
Supunha-se que o método
estaria destinado a facilitar
a transmissão às
crianças daqueles ensinamentos.
Na verdade, entretanto, os poemetos
curtos tiveram a virtude de a
todos encantar e, graças
a isto, perpetuar-se.
As Fábulas acham-se
apresentadas em dois volumes,
subdivididos cada um em seis
livros, nos quais varia o seu
número. A primeira do
Livro Primeiro intitula-se “A
cigarra e a formiga” e
dá o tom do conjunto.
Imprevidente, preocupada apenas
em cantar, a cigarra não
acumulou alimentos que lhe permitissem
sobreviver no inverno e apela
para a formiga que recusa socorre-la,
fazendo-a registrar a que
se dedicara o tempo todo, após
o que exclama: “Tu cantavas?
Que beleza; muito bem: pois dança
agora”.
As histórias da raposa
são um primor de astúcia.
Mas nem sempre consegue enganar
aos outros bichos; somente aos
mais estúpidos, como o
bode. Os personagens humanos
que por vezes figuram nas fábulas
geralmente não se saem
muito bem.
O certo é que La Fontaine
conseguiu que suas histórias
fabulosas não ficassem
com a marca de certo tempo ou
de determinado país, revestindo-se
de feição
universal duradoura.
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