CHAUCER,
Geoffrey
Geoffrey Chaucer nasceu em Londres,
aproximadamente em 1342 e faleceu
em 1400. Serviu à Corte
em diversos postos oficiais
tendo em seguida recebido a
incumbência de missões
diplomáticas na Espanha,
França, Itália
e Flandres. Esteve em estreito
contato com a obra literária
daquele período, em
especial francesa e italiana.
Traduziu autores dessa proveniência
e também, como era habitual
na época, produziu adaptações
ou textos inspirados em tais
fontes. Dois são os
exemplos mais representativos
dessa parcela de sua obra.
O primeiro corresponde à tradução
de Le Roman de la Rose.
Este poema alegórico subdivide-se
em duas partes, de autores diferentes.
A primeira, de Guillaume de Lorris,
tendo aparecido, supostamente,
nos começos do século
XIII e, a segunda, de Jean de
Meung, que a elaborou em fins
do mesmo século. A primeira
parte trata do amor cortesão
e descreve o que seria o Jardim
das Delícias. A segunda
consiste numa sátira à elite
do tempo. Quando de seu aparecimento,
foi considerado imoral pelas
autoridades francesas o que,
como soe acontecer, serviu para
dar-lhe certa notoriedade. No
tempo de Chaucer (segunda metade
do século XIV, praticamente
uma centúria depois),
admite-se que o livro não
mais provocasse escândalo.
Na altura, os ingleses ambicionavam
incorporar a França em
definitivo (estávamos
em plena Guerra dos Cem anos,
que durou de 1337 a 1453, com
interrupções e
diferentes graus de intensidade)
e Chaucer pretendia torná-la
familiar à nobreza inglesa.
Maior significado adquiriu sua
aproximação aos
autores italianos. A divina comédia,
de Dante Alighieri, escrita entre
1307 e 1321, teria estimulado
Chaucer a escrever na língua
natal e não em latim,
em conformidade com a tradição.
Influência mais marcante
proviria de Francesco Petrarca
(1304/1374) e de Giovanni Bocaccio
(1313/1375), autores que viveram
e trabalharam em Florença,
considerados precursores e pontos
de referência da renovação
literária ocorrida no
Renascimento, pelo fato de que
não se tenham limitado à recuperação
das obras clássicas e
as tenham divulgado, mas, sobretudo,
por tomá-las como padrão
de estilo literário.
Na esteira dessa influência,
Chaucer escreveu o poema Troilus
and Criseyde (1385), que
os críticos consideram
a sua obra prima. O tema é a
fuga de Troilus, filho de Priamo,
rei de Tróia, após
a destruição da
cidade. Não se vale contudo
das fontes gregas inspirando-se
em Virgílio (70/19 a.C.),
que se incumbiu de difundir a
lenda segundo a qual seriam remanescentes
da Guerra de Tróia que
deram origem à Itália.
A exemplo dos italianos de seu
tempo nos quais se inspira, Chaucer
não deseja apenas cultuar
as obras clássicas mas
tomar ao seu estilo literário
como padrão para refletir
o próprio tempo. A esse
propósito escreve Richard
West, estudioso de sua obra: “Ainda
que Troilus esteja situada no
mundo antigo e soe como verdade
em pleno século vinte,
corresponde também à clara
expressão do ponto de
vista de Chaucer acerca da cavalaria
com seu código medieval
de conduta na guerra e no amor.
... Troilus combina
a bravura do velho Cavaleiro
com a exuberância juvenil
de seu personagem para produzir
o modelo de cavalaria cultuado
por Chaucer. A evidente admiração
com que Chaucer conta as proezas
do seu herói nas batalhas
põe em causa a teoria
de que desaprovaria a guerra
e a cavalaria” (Chaucer.1340-1400. The
life and times of the first english
poet; Klondo, Robinson,
2000).
Os Contos de Cantuária tornou-se
o texto melhor sucedido de Chaucer.
A convicção de
Richard West de que seria o primeiro
poeta inglês é partilhada
pelo comum da crítica.
Pelo fato de que sua obra serviu
para fixar o dialeto de Midland
como o inglês de sua época.
(Ver também Contos
de Cantuária, de CHAUCER)
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