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Dicionário das Obras
Básicas da
Cultura Ocidental
Antonio
Paim
Índice: a - b - c - d - e - f - g - h - i - j - k - l - m - n - o - p - q - r - s - t - u - v - x - w - z
(A) Bíblia
Os livros do Antigo
Testamento não
têm autor,
no sentido moderno
do termo. Consistem
no recolhimento de
uma tradição
oral que data de
séculos. As
narrações
de cunho histórico
e as leis consagradas
eram transmitidas às
gerações
sucessivas, na própria
vida cotidiana, ao
mesmo tempo que,
nos santuários,
tais elementos assumiam
a forma de cânticos
ou orações.
As tentativas de
preservá-los
através da
escrita também
se perdem no tempo.
Admite-se, contudo,
que, por volta do
quinto século
antes de nossa era,
hajam assumido a
feição
que chegou aos nossos
dias.
As diversas edições
da Bíblia, devidas
seja aos católicos
seja aos protestantes,
contêm textos
introdutórios
relativos à significação
religiosa de cada uma
de suas partes integrantes,
inclusive as razões
pelas quais rejeitam
este ou aquele texto.
Os judeus recusam o
Novo Testamento.
Os eruditos costumam
classificar os textos
bíblicos em:
a) Livros Históricos,
b) Livros Didáticos e
c) Livros Proféticos.
O principal dos livros
históricos é o Pentateuco ou
coleção
dos cinco livros de
Moisés. Tem
uma importância
substancial para a
cultura ocidental porquanto é nesse
texto que se encontram
os Dez Mandamentos
ou decálogo,
de onde se origina
a moral.
O Pentateuco (cinco
livros) foi isolado
das demais partes do
Antigo Testamento pelos
samaritanos (judeus
da Samaria), que se
separaram da comunidade
judaica de Jerusalém
em torno do ano 300
a.C. Entre os
judeus, esses cinco
livros eram chamados Torah (que
foi traduzido como
lei, mas que tem outros
significados, entre
estes os de instrução
ou guia). Comumente,
nos primórdios
do cristianismo e mesmo
na Idade Média,
entendia-se que o Pentateuco
havia sido escrito
por Moisés.
Os cinco livros intitulam-se Gênesis, Êxodo,
Levítico, Números
e Deuteronômio.
O Gênesis contém
uma parte introdutória
relativa à criação
do mundo e à história
dos patriarcas do povo
judeu, subdividida
em três ciclos,
respectivamente, de
Abraão, Isaac
e Jacob. O Êxodo relata
a história de
Moisés e de
sua missão religiosa.
Insere os vários
preceitos religiosos
e morais, havendo inclusive
referência aos
Dez Mandamentos. O Levítico trata
basicamente do culto
entre os hebreu (rituais,
sacrifícios,
regras a serem observadas
pelos sacerdotes etc.).
Os Números ganharam
a denominação
por conter o recenseamento
dos israelitas mas
corresponde a relato
histórico. Finalmente,
o Deuteronômio ou “segunda
lei” é assim
chamado, presumivelmente,
pelo fato de consistir
numa reiteração
dos princípios
religiosos e morais,
contidos nos outros
livros, como uma espécie
de testamento definitivo
do grande guia e legislador, às
vésperas de
sua morte. Costuma-se
considerar o decálogo
na versão deste último
livro.
Aos cinco livros de
Moisés seguem-se
outros livros históricos,
a saber: Josué,
Juízes, Rute,
Livros dos Reis,
em número de
quatro, complementados
pelas Crônicas (dois
livros), Esdras
e Neemias, Tobias,
Judite, Ester e Livros
dos Macabeus.
São chamados
de livros históricos
no sentido de que constituem
uma fonte para conhecimento
da história
do povo judeu e mesmo
para o conhecimento
da formação
daqueles impérios
aos quais acabaram
subjugados. Seus autores
não tiveram
naturalmente tal intenção
desde que sua ótica é religiosa.
Assim, os fatos históricos
aparecem por sua significação
religiosa.
São considerados
livros didáticos,
no Antigo Testamento:
- Jó
- Livro dos Salmos (hinos
sagrados, atribuídos
a David)
- Provérbios,
Eclesiastes e Cântico
dos Cânticos (atribuídos
a Salomão)
- Sabedoria (embora
atribuído
a Salomão,
afirmam os estudiosos
ser de autor desconhecido)
- Eclesiástico (livro
de Jesus, filho de
Sirac)
No Novo Testamento,
pertencem à categoria
as Epístolas
de São Paulo e
as Epístolas
Católicas.
A denominação
advém do fato
de que contém
ensinamentos destinados
a inculcar o acatamento
aos princípios
religiosos. Exemplo
típico (e controvertido) é o Livro
de Jó.
Este aparentemente
nada fez no sentido
de provocar a ira divina,
sendo pessoa piedosa
e cumpridora de suas
obrigações.
Não obstante,
a divindade provoca-o,
para testá-lo,
instigada por Satanás.
Satanás diz
ao Senhor que embora
Jó haja abençoado
as suas obras e os
seus bens: “estende
tu um pouco a tua mão,
toca em tudo o que
ele possui e verás
se ele não te
amaldiçoa no
teu rosto”.
Todos os bens de Jó são
destruídos e
morta a sua família.
Este limita-se a dizer
que: “nu sai
do ventre de minha
mãe e nu tornarei
para lá; o senhor
o deu e o senho o tirou...
Bendito seja o nome
do Senhor”.
Deus permite ao próprio
Satanás que
provoque martírios
a Jó. Jó se
lamenta e é contestado
por outros personagens,
em sucessivos diálogos.
O próprio Deus
intervém e trata
com menosprezo e crueldade
o autor dos lamentos.
Jó mais uma
vez se penitencia e
a divindade o recompensa.
Muita coisa se tem
escrito acerca do Livro
de Jó. Alguns
autores, inclusive,
invocam-no para ressaltar
a novidade trazida
pelo Cristo à religião
judaica. Em Jó,
com efeito, o Deus
não revela qualquer amor por
seu ideal seguidor.
Quanto aos livros proféticos,
são os seguintes,
no Antigo Testamento:
- Isaías,
Jeremias, Baruc,
Ezequiel e Daniel (profetas
maiores).
- Osias, Joel,
Amós, Abdias,
Jonas, Miqueias,
Naum, Hababuc,
Sofonias, Ageu,
Zacarias e Malaquias (profetas
menores).
No Novo Testamento,
o livro profético é o Apocalipse
de São João.
As profecias são
de índole diversa.
Dizem respeito ao destino
imediato de Israel
mas também prevêem
futuro mais remoto,
inclusive a vinda do
Messias. Exemplo ilustrativo é o
de Isaías.
Viveu na última
metade do século
VIII, quando a Palestina
ainda preservava a
independência,
mas se via ameaçada
pela Assíria,
que afinal estabelece
o seu domínio
em 722. Tendo em vista
que também se
sentia ameaçado
e se contrapunha ao
avanço assírio,
em Israel aparecem
partidários
de uma aliança
com o Egito. Isaías
prega a neutralidade
e combate toda confiança
depositada nos homens.
O reino de Israel só depende
de Javé.
Ao mesmo tempo, a vida
religiosa está limitada às
exteriorizações
do culto, ausentes
a vivência interior
e a vida moral correspondente,
desde que vigora ampla
dissolução
dos costumes. Ao lado
da religião
monoteísta vicejam
outros cultos, inclusive,
os que eram estimulados
pelos poderosos vizinhos.
Chaga tão maligna,
na visão dos
profetas, só poderia
ser erradicada por
um tratamento terrível
e doloroso. Por isto
anunciam castigos divinos,
que se sucedem implacáveis,
até quase o
aniquilamento do povo
judeu. Mas do embate
aterrador sairá a
minoria purificada,
germe de um novo povo,
levando ao ressurgimento
da nação
e à conquista
de paz duradoura e
invejável.
Alguns dos profetas
empregam ainda a chamada
linguagem apocalíptica,
destinada a anunciar
o fim dos tempos. (Ver
também Judaísmo
Antigo).
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